Falhas técnicas e o lança-chamas de Musk. Ron DeSantis é candidato à Presidência dos EUA

Num anúncio marcado por falhas técnicas no Twitter, o Governador da Flórida confirmou que está na corrida para a Presidência dos Estados Unidos.

É oficial: Ron DeSantis é candidato à Presidência dos Estados Unidos. Depois de muitos meses de especulação e farpas de Donald Trump, o Governador da Flórida confirmou esta quarta-feira que está na corrida pelo bilhete Republicano, num anúncio que ficou marcado pelas falhas técnicas que causaram um atraso de 25 minutos.

Tal como tinha sido noticiado, DeSantis fez o anúncio no Twitter e ao lado de Elon Musk. “Estou a concorrer à Presidência dos Estados Unidos para liderar o nosso grande regresso americano. Sabemos que o nosso país está a ir na direcção errada. Vemos isso com os nossos olhos e sentimo-lo nos nossos ossos”, afirmou.

“A promessa que vos faço é esta: se me nomearem, podem colocar o alarme para 20 de Janeiro de 2025, ao meio-dia, porque no lado oeste do Capitólio, estarei a fazer o juramento enquanto 47.º Presidente dos Estados Unidos. Sem desculpas, farei o que tenho a fazer”, garantiu.

DeSantis não é o primeiro Republicano a fazer frente a Donald Trump e a anunciar que vai participar nas primárias — a embaixadora Nikki Haley, o Senador Tim Scott e o Governador do Arkansas Asa Hutchinson já todos confirmaram que são candidatos — mas é de longe a maior dor de cabeça para Trump.

Começou por ser um delfim do ex-Presidente, que o apoiou na campanha em 2018 para ser Governador da Flórida, mas as suas políticas controversas na resposta à pandemia tornaram-no um nome reconhecido a nível nacional e uma estrela em ascensão nos Republicanos.

Na mesma noite das intercalares em que muitos candidatos trumpistas perderam, DeSantis ganhou a reeleição com uma larga margem, com alguns analistas a considerar que o Governador é a alternativa ideal ao ex-Presidente.

No pico do rescaldo das intercalares, houve até uma sondagem onde DeSantis derrotava Trump com uma margem de 23 pontos. Apesar de o ex-chefe de Estado continuar a ser o grande favorito na maioria dos inquéritos, o crescimento de DeSantis não lhe tem passado despercebido, tendo já criado a alcunha “Ron DeSanctimonious” (Ron DeHipócrita) e dito que este lhe implorou a chorar pelo apoio em 2018.

DeSantis, por sua vez, tem resistido à tentação de criticar Trump directamente, deixando apenas críticas veladas. Durante o anúncio da campanha, o Governador voltou a atirar uma farpa ao ex-Presidente, prometendo que vai acabar com a “cultura perdedora que infectou o Partido Republicano nos últimos anos”.

Houve ainda tempo para criticar Biden, que tem “falta de vigor” e “tropeça perante os desafios da nossa nação enquanto recebe dicas da multidão woke”.

Quanto a políticas, DeSantis atacou a organização dos direitos civis NAACP, que tem feito duras críticas às suas políticas polémicas nas escolas e à censura de livros. Uma novidade foi a sua oposição à regulamentação das criptomoedas, que está a ser  discutida no Congresso.

“Tem todo o direito de usar a Bitcoin”, disse DeSantis a Musk, que rapidamente o corrigiu e disse preferir a Dogecoin.

Já na sua primeira entrevista após o anúncio, o Governador disse à Fox News que despediria o director do FBI, Christopher Wray, no seu primeiro dia na Casa Branca. “Acho que o Departamento de Justiça e o FBI perderam o rumo. Acho que foram armados contra os Americanos que pensam como eu e como vocês e acho que se tornaram muito partidários”, considera.

“Não está pronto para o cargo”

O anúncio caricato de DeSantis e as falhas técnicas foram rapidamentes alvo de brincadeiras nas redes sociais e atacados pelos rivais políticos.

“O anúncio falhado da campanha de Ron DeSantis é outro exemplo que mostra que ele não está pronto para o cargo. Os riscos são muito altos e a luta para salvar a América é demasiado crítica para se arriscar num novato que claramente não está pronto para o horário nobre”, afirmou Karoline Leavitt, porta-voz do super PAC de Trump, Make America Great Again Inc.

Já o próprio Donald Trump preferiu incialmente dar conselhos de moda ao rival na sua rede social, Truth Social. “O colarinho dele é muito grande“, afirmou. Mais tarde, saiu ao ataque: “Uau! O lançamento no TWITTER do DeSanctus é um DESASTRE! Toda a campanha dele será um desastre. VEJAM!”.

Joe Biden também brincou com a confusão do anúncio de DeSantis, publicando um link para a angariação de fundos da sua campanha no Twitter. “Este link funciona“, escreveu a conta do Presidente norte-americano.

DeSantis preferiu usar as falhas técnicas a seu favor, escrevendo no site da sua campanha que o seu anúncio “quebrou a internet” porque “havia tanta gente excitada por este espaço no Twitter”.

“O Elon é o vice-presidente dele?”

A participação de Elon Musk no anúncio de DeSantis também foi alvo de piadas, especialmente dado que alguns dos convidados passaram grande parte do tempo a falar com Musk, aparentemente ignorando DeSantis no seu grande momento.

“Sou um dos seus maiores fãs. Sou o primeiro congressista a ter um Tesla“, disse o representante Thomas Massie, um apoiante de DeSantis, a Musk.

Um vídeo lançado pela conta da campanha DeSantis também tinha quase tantas imagens de Musk, incluindo fotos do CEO da Tesla mais jovem ou vídeos a usar um lança-chamas, como do próprio Governador.

Governor ​​@RonDeSantis is running for president to lead our Great American Comeback.

“We can and we must deliver big results for America.” pic.twitter.com/YE6b8sGraL

— DeSantis War Room 🐊 (@DeSantisWarRoom) May 24, 2023

Muitos utilizadores brincaram logo com a situação. “Quem é que está a concorrer? O Elon ou o Ron?”, perguntou um utilizador. “Isto é um anúncio anti-DeSantis? Só o faz parecer mal, com o palhaço do Elon”, afirmou outro. Outros lembraram que Musk nem sequer apoiou oficialmente DeSantis.

“Desculpem, estou confuso. O que se passa aqui? O Elon é o vice-presidente dele? E por que é que o Elon está a dançar num espectáculo de lasers enquanto o RDS está a falar sobre o fentanil estar a envenenar a América?”, questinou outra conta.