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Explosão em Beirute equivalente a várias centenas de toneladas de TNT, dizem especialistas

Wadel Hamzeh / EPA

A explosão no porto de Beirute, que na terça-feira matou mais de cem pessoas e deixou milhares de outras feridas, terá sido desencadeada por 2.750 toneladas de nitrato de amónio. Segundo especialistas, foi o equivalente a várias centenas de toneladas de TNT (trinitrotolueno, conhecido como dinamite).

De acordo com Science Alert, a explosão foi registada como um terramoto de magnitude 3,3 e os efeitos foram sentidos a quilómetros de distância do local de origem.

Jeffrey Lewis, especialista em armas nucleares do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais da Califórnia, nos Estados Unidos (EUA), estimou o rendimento em “entre 200 e 500 toneladas, tendo em consideração os danos da explosão, a onda de choque, os sinais sísmicos e o tamanho da cratera”.

Essa quantidade de poder explosivo é duas vezes maior em termos de magnitude do que a Ordnance Air Blast GBU-43/B, a arma não nuclear mais poderosa do arsenal norte-americano, com um rendimento de explosão de cerca de 11 toneladas. Foi usada pela primeira vez num combate contra o Estado Islâmico, no Afeganistão, em abril de 2017.

A explosão em Beirute foi tão poderosa que alguns especialistas temiam que tivesse ocorrido algum tipo de detonação nuclear, um medo potenciado pela nuvem de fumo em forma de cogumelo que se elevou sobre o local após o incidente.

O governador de Beirute comparou a explosão às bombas atómicas que devastaram as cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial. “Na minha vida, não tinha visto destruição nesta escala”, afirmou.

Com um rendimento explosivo de algumas centenas de toneladas, o incidente em Beirute terá sido dezenas de vezes menos poderoso do que a bomba atómica que devastou Hiroshima. Contudo, pode ser comparável ao da bomba de gravidade nuclear B61 de menor rendimento, que tem um rendimento explosivo de cerca de 300 toneladas.

Alguns especialistas estimaram o rendimento explosivo do que aconteceu na capital libanesa em um a dois quilotons, o que tornaria a explosão potencialmente mais poderosa do que algumas das armas nucleares táticas de pequeno porte dos EUA.

“A comparação termina aí”, declarou Hans Kristensen, especialista em armas nucleares da Federação de Cientistas Americanos. “A onda de pressão seria muito mais rápida porque a libertação de energia de uma reação em cadeia nuclear descontrolada é muito mais rápida do que a libertação de energia de uma explosão química”, explicou.

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Já Kingston Rief, especialista em desarmamento e redução de ameaças da Associação de Controle de Armas, esclareceu que embora o rendimento da explosão de Beirute possa ser comparável ao de algumas armas nucleares dos EUA, “isso não significa, de forma alguma, que a explosão teria sido como a detonação da variante B61 de menor rendimento”.

Uma “explosão nuclear teria sido muito pior, pois incluiria efeitos térmicos e de radiação mais extremos”, apontou, acrescentando que “as armas nucleares não são” consideradas “apenas mais uma arma por alguma razão”.

O nitrato de amónio suspeito de desencadear a explosão foi confiscado de um navio de carga há vários anos, de acordo com autoridades libanesas. A substância, um fertilizante comum, é um material altamente explosivo, que já esteve envolvido em várias explosões.

A destruição em Beirute deixou mais de 300 mil pessoas desalojadas, numa altura em que o país enfrenta dificuldades financeiras e políticas.

ZAP //

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