Explorar minérios metálicos é bom, dá emprego, mas… nem tudo é diamante em bruto

jafurtado / Flickr

Ruínas das Minas da Borralha, em Montalegre, Vila Real

Ruínas das Minas da Borralha, em Montalegre, Vila Real

Neste momento, Portugal tem cinco explorações de minérios metálicos, em Aljustrel, Castro Verde, Panasqueira e Seixo da Beira (duas). É bom para a economia, traz emprego, mas…

O Ministério do Ambiente anunciou, no início deste mês, que o plano para o futuro passa por lançar novos concursos de pesquisa e prospeção de minerais metálicos, simplificar o licenciamento de projetos e agilizar mecanismos de financiamento.

No ano passado, Portugal exportou um total de 680.570 toneladas de minérios metálicos (essencialmente cobre e zinco), no valor aproximado de 594 milhões de euros.

Como detalha o Público, os números traduzem um aumento de 10,7% em quantidade, mas uma redução de 11,4% em valor face a 2022, quando as cotações subiram, no auge da crise energética e de matérias-primas.

Além de bom para a economia portuguesa, a chegada destes negócios a Portugal veio empregar milhares de pessoas.

De acordo com dados da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) avançados esta terça-feira pelo Público, no final de 2022, as cinco minas de minerais metálicos em atividade empregavam um total de 3.247 pessoas (mais do que as 2.867 em 2021).

Como detalha o mesmo jornal, das jazidas nacionais, extraem-se principalmente cobre, estanho, tungsténio, zinco e chumbo que são exportados essencialmente para países da União Europeia .

Desses, o cobre e o tungsténio são igualmente definidos como matérias-primas estratégicas para a economia europeia. Igualmente estratégico é o lítio, cujo principal (e polémico) projeto de exploração deverá arrancar em 2027, em Boticas.

Está já em curso um plano para garantir a implementação em Portugal do Regulamento Europeu das Matérias-Primas Críticas (REMPC).

No início do mês, ministra do Ambiente, Maria Graça Carvalho, revelou que, já no próximo ano, o Governo deverá avançar mais com concursos para a pesquisa e prospeção de cobre, ouro e lítio em 2025.

No caso do lítio, já estão identificadas, há quase três anos, áreas potenciais para atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de lítio, nomeadamente:

  • Masseieme (Pinhel, Trancoso, Mêda, Almeida);
  • Seixoso-Vieiros (Fafe, Felgueiras, Amarante, Guimarães, Mondim de Basto e Celorico de Basto);
  • e Guarda-Mangualde (nos concelhos de Belmonte, Covilhã, Fundão, Guarda, Sabugal, Mangualde, Gouveia, Seia, Penalva do Castelo e Fornos de Algodre, Viseu, Nelas e Oliveira do Hospital).

Mas nem tudo é um “mar de rosas”

Além da controvérsias ambientais que estes projetos implicam, é sabido que este não têm uma fácil “aceitação pública” – especialmente nas zonas invadidas pelas explorações.

O relatório do grupo de trabalho do Governo propõe a criação de um Plano de Comunicação dos Recursos Minerais para facilitar essa “aceitação pública” dos projetos de exploração.

Como cita o Público, é preciso sensibilizar autarcas e a população em geral, bem como “algumas classes profissionais responsáveis por disseminar e divulgar a real importância e valor que os recursos geológicos podem e devem ter para o país e para as regiões”.

Na semana passada, a polémica em Boticas estalou ainda mais, depois de o Governo ter autorizado o acesso a terrenos privados para exploração de lítio.

A Savannah (empresa responsável) terá autorização para ocupar os terrenos em causa por um ano, período durante o qual os proprietários e arrendatários destes locais serão obrigados a consentir o acesso e ocupação.

Naturalmente, que esta decisão gerou uma grande contestação local. A população está indignada, prometendo uma batalha legal.

ZAP //

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