Uma experiência sociológica realizada por um coletivo sueco revela a indiferença das pessoas quando se deparam com uma situação em que uma mulher está a ser vítima de violência física e verbal.
A organização sueca STHLM Panda filmou, com recurso a uma câmara oculta, dois casais em elevadores com mais pessoas. A dado momento, os casais começam a discutir. Em todos os casos, a discussão vai subindo de tom, com as duas mulheres a serem vítimas de violência verbal e física.
O vídeo mostra que quase todas as pessoas que partilham o elevador com os dois casais reagiram passivamente, limitando-se a mostrar algum incómodo, alguma impaciência para sair do elevador.
Apenas uma mulher, entre as 53 pessoas que presenciaram as discussões dos casais, interveio e avisou o homem: “Vou chamar a polícia se lhe tocar novamente”.
Todas as outras pessoas ignoraram a discussão e saíram do elevador sem comentar.
Uma outra mulher só reage para fazer um pedido ao casal: “Desculpe, pode deixar-me sair daqui antes de fazer isso”.
Numa das situações, a mulher é empurrada pelo companheiro contra a parede e agarrada pelo pescoço. Em outra, o homem parece que vai bater na companheira, ameaçando-a, de forma audível, de morte.
Citado pelo The Independent, Konrad Ydhage, co-fundador do STHLM Panda, afirmou que realizou esta experiência para aumentar a consciencialização sobre a violência doméstica e para ver se as pessoas iam intervir “quando realmente era necessário”.
“Falamos depois com quase todas as pessoas que estiveram no elevador. A maioria disse que sentia vergonha por não ter reagido e disse que estava contente por ser uma experiência”, disse Konrad Ydhage.
“Algumas pessoas afirmaram que iam chamar a polícia, mas pensamos que isso é mentira. Filmamos durante dois dias e a polícia nunca apareceu”, concluiu.
No início deste mês, e por ocasião das III Jornadas Nacionais Contra a Violência Doméstica e de Género, a secretária de Estado da Igualdade portuguesa, Teresa Morais, afirmou que a comunidade deve despertar para o problema da violência doméstica e denunciar estes casos, que constituem “uma grosseira e grave violação” dos direitos humanos.
Na mesma ocasião, Teresa Morais lembrou as mulheres assassinadas em contexto familiar, que este ano já eram 32.
Citando os dados do Relatório Anual da Segurança Interna, a secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade referiu ainda que, em 2013, houve 40 homicídios conjugais, dos quais 30 foram de mulheres.
/Lusa