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Escutas ambientais tramam ex-juiz. Foi apanhado a angariar brasileiras para bar de alterne

O ex-juiz Hélder Claro que é suspeito de auxílio à imigração ilegal, de corrupção em negócios urbanísticos e de lavagem de milhões em criptomoedas foi “apanhado” em “escutas ambientais” a tratar da vinda de sete mulheres brasileiras para um bar de alterne no Porto.

Hélder Claro que foi expulso da magistratura em Abril passado, está a ser investigado pela Polícia Judiciária do Porto num inquérito que está “na recta final”, como apurou o Jornal de Notícias (JN). As acusações do processo devem ser deduzidas em breve.

As evidências contra o ex-magistrado assentam em “escutas ambientais”, nomeadamente no seu carro, como reporta o jornal, notando que foi “escutado a tratar de agilizar a vinda de sete mulheres brasileiras para Portugal“.

Claro seria cliente habitual do “Tamariz”, um conhecido bar de alterne do Porto, e “desde Março de 2022”, terá “procurado angariar mulheres brasileiras” para trabalhar neste estabelecimento, segundo o JN.

Contava para isso com a ajuda de uma amiga que vivia no Brasil, mas que chegou a residir em Portugal.

As escutas revelam que a amiga do juiz queixava-se da dificuldade em angariar jovens. Então, o ex-magistrado ter-lhe-á recomendado que lhes mentisse, dizendo-lhes que iam trabalhar num clube nocturno e não num bar de alterne, relata o JN.

Essa mulher enviaria fotos das jovens angariadas ao ex-juiz que trataria dos passaportes e dos contratos de trabalho para virem para Portugal.

O CM destaca que as escutas colocam Claro a explicar à amiga que “as mulheres tinham de vir separadas para Portugal, porque o SEF poderia colocar entraves à sua entrada”.

As sete brasileiras terão acabado por entrar no país com vistos de turismo e a amiga do ex-juiz terá recebido seis mil euros de comissão, ainda segundo o mesmo jornal.

Tentativa de “lavar” 90 milhões em criptomoeadas

O ex-magistrado é também suspeito de de ter participado num esquema para branquear cerca de 90 milhões de euros em criptomoedas provenientes de crimes informáticos. Nestas suspeitas, está igualmente envolvido um ex-PSP que está detido por tráfico internacional de droga.

Claro terá “tentado introduzir esse dinheiro no circuito bancário para o trocar por dinheiro real“, mas nunca conseguiu, reporta o JN.

Há ainda suspeitas contra o ex-juiz por abuso de poder, prevaricação e corrupção em investimentos imobiliários e na instalação de um supermercado Aldi em Matosinhos.

Ex-juiz “absolutamente tranquilo”

O ex-magistrado está “absolutamente tranquilo”, revela ao JN uma fonte da sua defesa. “Ao fim de seis anos de escutas, ainda não foi deduzida uma acusação e as acusações de auxílio à imigração ilegal apareceram apenas para enxovalhar“, aponta.

No processo, Claro alega que só redigiu minutas de contratos de trabalho para mulheres brasileiras. “Não houve mais intervenção, mas ainda assim, em Agosto de 2022, a legislação permitia a entrada em Portugal de estrangeiros que vinham à procura de trabalho”, refere.

Sobre as suspeitas de branqueamento de capitais, realça que “não é ilegal transaccionar criptomoedas” e que “havia e há a convicção que eram de origem legal”. “Elas estavam validadas por uma blockchain, que garante a transparências das criptomoedas”, sublinha ainda.

ZAP //

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