Um grupo de investigadores simulou as condições da Terra na primeira parte da sua história, há cerca de 4,6 mil milhões de anos, buscando uma maior compressão sobre a forma como os aminoácidos criaram os primeiros ingredientes para a vida.
Juntos, os aminoácidos formam proteínas que desempenham papéis vitais nos organismos. Este novo estudo foi concebido para ajudar a estabelecer porque é que um grupo específico de 20 aminoácidos “canónicos” é utilizado de forma recorrente para construir proteínas quando há tantos mais.
Acredita-se que esses 20 aminoácidos são compostos por 10 colhidos na atmosfera, assim como fragmentos de meteoritos da Terra primitiva, em conjunto com outros 10 adicionados numa segunda fase. Contudo, o processo de seleção dos últimos não é claro, relatou o Science Alert.
“Vemos os mesmos aminoácidos em todos os organismos, desde humanos a bactérias, e isto porque todas as coisas na Terra estão ligadas através desta árvore da vida que tem uma origem, um organismo que foi ancestral de todos os seres vivos”, disse o químico Stephen Fried, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA.
“Estamos a descrever os acontecimentos que moldaram a razão pela qual aquele antepassado recebeu os aminoácidos que recebeu”, continuou o cientista, um dos autores do estudo publicado recentemente no Journal of the American Chemical Society.
Através de uma reconstrução da síntese proteica primordial, os investigadores mostraram que os antigos compostos orgânicos terão favorecido melhor os aminoácidos no cruzamento de proteínas, adaptando-os para funções específicas.
Por outras palavras, um processo de evolução ou seleção natural estava em curso mesmo nesta fase: não era os aminoácidos que estavam prontamente disponíveis que eram colhidos, mas sim os mais adequados a uma função específica.
Se outros aminoácidos tivessem sido selecionados como parte do grupo nuclear há milhares de milhões de anos, os cientistas determinaram que os próprios blocos de construção da vida não teriam sido tão eficientes.
“O cruzamento das proteínas estava basicamente a permitir-nos fazer evolução antes mesmo de haver vida no nosso planeta”, indicou Stephen Fried. “Podia-se ter evolução antes de se ter biologia, podia-se ter seleção natural para os químicos que são úteis para a vida, mesmo antes de haver ADN”, referiu.
Pensa-se que as moléculas, incluindo as proteínas, começaram a reunir organismos simples há cerca de 3,8 mil milhões de anos, por isso há uma parte da história anterior da Terra que os cientistas têm estado muito interessados em investigar.
A equipa sugere que os 10 aminoácidos “posteriores”, em particular, foram selecionados pelas suas capacidades de cruzamento de proteínas, permitindo a replicação de ADN e a produção de proteínas que desencadearam vida.
Esta investigação pode ensinar-nos mais sobre o potencial de microrganismos noutros planetas e sobre o nosso próprio: os mesmos aminoácidos que chegaram à Terra através de meteoritos também podem ser encontrados em muitos outros locais do Universo.
“O Universo parece adorar os aminoácidos. Talvez se encontrássemos vida num planeta diferente, não seria assim tão diferente”, indicou Stephen Fried.