No quinto dia de campanha, Paulo Rangel, o cabeça de lista do PSD, teve um desencontro com um rebanho de ovelhas, enquanto António Costa pediu “o tudo por tudo” pelo candidato do PS, Pedro Marques. Já Assunção Cristas acusa a “‘troika’ das esquerdas” e Catarina Martins lembra que votar a 26 de Maio também é decidir o salário nacional.
António Costa foi o trunfo de Pedro Marques em mais uma acção de campanha na Covilhã e, durante o jantar-comício, o primeiro-ministro, vestindo a pele de secretário-geral do PS, centrou as suas farpas em Paulo Rangel.
Citando os “Gato Fedorento”, Costa traçou a linha que diz separar Rangel de Marques, sustentando que “há uns que falam, falam, falam, falam e há os que fazem”. Na óptica do governante, “é muito simples saber quem são os que falam e os que fazem”. “Em dez anos de presença no Parlamento Europeu, o que fez Paulo Rangel pelo interior do país além de andar agora aqui a passear de helicóptero?”, atirou.
Para o candidato do PS ficaram os elogios, com Costa a destacar que foi Pedro Marques o responsável pela modernização e reabertura da ligação ferroviária entre a Covilhã e a Guarda, uma obra em curso, e pela requalificação do IC3, além de ter garantido 1700 milhões de euros dos fundos comunitários para o interior.
Num apelo ao voto, Costa também salientou que “é preciso dar tudo por tudo para garantir uma grande vitória pela Europa, por Portugal e pelo PS“. “As eleições do próximo dia 26 não são irrelevantes, mas, antes, essenciais” para “dar força ao PS”, para “manter o rumo certo, com mais rendimento das famílias, mais emprego”, e “para dar força à nova geração, que não queremos que parta”, notou.
Rangel contra “os fumos constantes de corrupção”
Paulo Rangel arrancou para o quinto dia de campanha com os números de uma sondagem negativa na cabeça, com as projecções a darem 8 pontos de vantagem ao PS. Talvez por isso tenha parecido mais solto no contacto com as pessoas, nas passagens por Trancoso e Guarda, conforme o relato dos jornalistas.
O dia foi animado para o cabeça de lista do PSD que almoçou com empresários do sector agrícola, visitou um hospital e uma queijaria, além de se entregar à obrigatória arruada que, desta vez, foi mais animada do que a passagem pelo Cavaquistão.
Ainda teve tempo para meter o Euromilhões. E em Celorico da Beira, deu mais que fazer a um pastor que foi obrigado a ir atrás das suas ovelhas, depois de o rebanho se assustar com a comitiva do PSD. Para as eleições, Rangel diz estar mais “optimista”, esperando não assustar eleitores.
Nos discursos do dia, a tónica esteve no combate à evasão fiscal e à corrupção, apontando que há estimativas que apontam que a perda de receitas a nível comunitário com estas práticas “ronda um bilião de euros, sete orçamentos anuais da União Europeia”.
“Não podemos tolerar os fumos constantes de corrupção”, acrescentou, lamentando que o país tenha estado “por mais do que uma vez entregue à corrupção” e que haja “esquemas de tentar retirar recursos públicos para enriquecimentos privados ilícitos e inaceitáveis”.
Rangel aproveitou também as declarações de António Costa que disse que se baterá “até ao último dia” para melhorar a proposta de fundos comunitários para Portugal, para considerar que o primeiro-ministro “veio desmentir e desautorizar” o candidato do PS. Afinal, “há cortes ou não há cortes?”, questiona Rangel, salientando que Pedro Marques passou a campanha a acusar o PSD de “falsidades” quando dizia que haveria cortes na ordem dos 7%.
Cristas acusa Governo de ser “a ‘troika’ das esquerdas”
Num jantar com militantes no Montijo, Setúbal, Assunção Cristas repetiu a palavra ‘troika’ para acusar o Governo PS de ter levado o país “à bancarrota” em 2011, de ter pedido “de joelhos” a intervenção externa e de continuar a Governar com austeridade.
“Este é o Governo das esquerdas unidas, da ‘troika’ à portuguesa, a ‘troika’ das esquerdas, que mesmo quando nos livramos da ‘troika’ continua a querer governar entre nós”, frisou Cristas.
A líder dos populares reclamou também para o CDS, que formava Governo com o PSD quando a ‘troika’ deixou o país, em Maio de 2014, essa conquista, desafiando a que essa data seja comemorada como o “dia da restauração” da independência financeira.
Europeias também decidem o salário, alerta o Bloco
No comício da campanha eleitoral em Aveiro, a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defendeu que nestas europeias “também se decide o salário”. E quem chegar atrasado às europeias, “chega atrasado em Outubro” para “aumentar os direitos”, acrescentou.
A líder do BE afirmou que se o partido “garantiu o aumento do salário mínimo nacional, no Parlamento, com o acordo que fez com o PS”, também “foi preciso ter a Marisa Matias em Bruxelas a chumbar as sanções que queriam fazer ao nosso país”.
“Foi uma das maiores vitórias do Bloco nesta legislatura porque provamos que é possível subir o salário mínimo contra os patrões e apesar de Bruxelas”, assegurou.
Declarações num dia em que a cabeça de lista do Bloco, Marisa Matias, quis realçar a urgência de criar o estatuto do cuidador informal com uma visita a uma mulher que deixou de trabalhar, em 2010, para cuidar do marido, não recebendo qualquer ajuda, a não ser dos filhos.
CDU finta previsões de perda de 2 dos 3 eurodeputados
Na acção de campanha em Beja, o cabeça de lista da CDU, João Ferreira, falou das recentes sondagens que indicam que a coligação entre PCP e Os Verdes corre o risco de perder dois dos seus três mandatos europeus. “Não são as sondagens que ditam nem vitórias nem derrotas”, vincou.
“O sentimento que vamos recolhendo nas ruas, a adesão às propostas da CDU, o reconhecimento do nosso trabalho leva-nos a ter muita confiança nesta batalha e no resultado que vamos ter”, afirmou, sublinhando que a meta é “um reforço da CDU” no Parlamento Europeu.
Já em Serpa, durante um jantar-comício, João Ferreira virou a tónica do discurso para a revisão da Política Agrícola Comum (PAC).
PAN já não é o partido dos “tontinhos dos animais”
O cabeça de lista do PAN, Francisco Guerreiro, visitou a União Zoófila para “dar voz” às associações que se têm substituído às entidades oficiais na prossecução do bem-estar animal, assunto “que já não é só dos tontinhos dos animais“, como vincou a presidente da associação de protecção dos animais, Luísa Barbosa.
Francisco Guerreiro explicou à Lusa que o objectivo da visita foi ver a realidade destes centros e dar visibilidade e voz a “associações que vivem sem o apoio estrutural dos municípios e do Estado e se têm substituído a estas entidades oficiais”.
“Nunca foram tontinhos dos animais, sempre foram pessoas muito preocupadas com algo que tinha sido completamente esquecido pelos restantes partidos, pela restante sociedade política”, afirmou.
Basta espera ter Vox espanhol ao seu lado na campanha
O cabeça de lista europeu e líder da coligação Basta, André Ventura, revelou que conta que o partido Vox, da extrema-direita espanhola, possa estar na campanha portuguesa, tendo indicado que “em princípio” os dirigentes se vão reunir em Madrid.
No final de uma arruada no Cacém, distrito de Lisboa, André Ventura notou que vai tentar “que esse encontro seja possível, porque se houver uma espécie de um Vox português“, embora “com diferenças muito significativas”, “em termos de movimento, de ideias”, “não há dúvidas” de que “será o Chega e [a coligação] Basta”.
Ventura revelou ainda à Lusa que está “em contacto com várias forças internacionais”, nomeadamente também com a Liga Italiana, para “fazer essas pontes” de modo a “articular na Europa, em termos de estratégia europeia, um conjunto de grupos” que defendem o mesmo tipo de valores. O objectivo final é “fazer a diferença no Parlamento Europeu, fazer mossa a este sistema”, vincou.
ZAP // Lusa