Europa marca regresso a aulas presenciais para setembro. Autoridades admitem preocupação

Manuel de Almeida / Lusa

A poucos dias do início de setembro, vários países da Europa prepararam o regresso presencial às escolas, mas as autoridades admitem estar preocupadas com uma segunda vaga de covid-19, que tem estado a afetar mais jovens.

Itália, o primeiro país da Europa a ser atingido pela epidemia e um dos que foi mais afetado, vai reiniciar o ano letivo presencial a 14 setembro, anunciou esta segunda-feira o ministro da Saúde, Roberto Speranza, citado pela agência Lusa.

Depois de registar 254 mil casos de Covid-19 e mais de 35 mil mortes, com um severo confinamento de dois meses em março e abril, o país prepara-se para mandar as crianças de volta para a escola e, ao mesmo tempo, conter uma segunda vaga de infeções.

A Itália fará “todos os sacrifícios necessários” para garantir o início do ano letivo a meio de setembro, disse Roberto Speranza, admitindo estar preocupado com o aumento dos contágios entre os mais jovens.

“Em menos de um mês, teremos de reabrir escolas e universidades com segurança. E não podemos errar. Vai depender do nosso comportamento e do de todos, a começar pelo dos jovens, que devem ter consciência” dos riscos, afirmou, em entrevista na segunda-feira publicada no La Repubblica.

Uma portaria assinada no domingo determinou o encerramento de discotecas e outros locais de festas noturnas, exigindo também o uso de máscaras à noite em locais públicos.

“É um sacrifício, eu sei”, afirmou o ministro, “mas é inevitável para enfrentar o desafio de abrir as escolas” porque “a idade média das pessoas infetadas nas últimas semanas caiu drasticamente, para cerca de 39 anos”. “Não podemos parar a escola e cada medida, cada sacrifício pedido é feito a pensar na reabertura das escolas, que marcará o verdadeiro fim do confinamento”, sublinhou.

Turquia com três semanas de aulas à distância

O começo das aulas presenciais também foi anunciado na Turquia e irá acontecer em 21 de setembro, três semanas após o início oficial do ano letivo, que será feito à distância e através da Internet, segundo o ministro da Educação, Ziya Selçuk. Desde o início da pandemia, o país contabilizou 249.309 infetados, incluindo 5.974 mortes.

“Temos de voltar às escolas e começar as aulas presenciais para continuar [o processo de] educação adequado”, escreveu o ministro no Twitter. “Começar a educação presencial em 21 de setembro está nas vossas mãos”, afirmou, acrescentando que foram criados jogos para as crianças brincarem e, ao mesmo tempo, manterem a distância social.

O ano letivo de 18 milhões de alunos turcos foi interrompido em março devido à pandemia, e voltará a ter início a 31 de agosto, com três semanas de educação a distância, período durante o qual as autoridades deverão terminar de delinear as medidas de segurança contra o coronavírus.

Rodrigo Antunes / Lusa

As escolas particulares obtiveram permissão para iniciar o ano letivo esta segunda-feira, porque têm um número menor de alunos matriculados, enquanto as universidades retomarão as aulas presenciais em outubro.

As autoridades anunciaram a criação de uma equipa de mais de dois mil inspetores para garantir o cumprimento das medidas de higiene e segurança, como a medição da temperatura dos alunos e o uso de máscaras. Os alunos devem manter uma distância mínima de um metro e os professores deverão ter reuniões apenas por videoconferência.

O Conselho Consultivo Científico do Coronavirus, órgão que aconselha o Governo sobre as medidas a tomar durante a pandemia, destacou que é difícil para as crianças manter distância social e usar a máscara constantemente, pelo que aconselhou as autoridades a adotar um modelo educacional misto, com aulas presenciais e online.

Grécia volta às aulas apesar da preocupação

A Grécia também marcou o reinício das aulas presenciais, para 07 de setembro. O anúncio foi feito pelo porta-voz do Governo, Stelios Petsas, que admitiu que as escolas enfrentarão muitos desafios para garantir que as crianças seguirão as medidas de segurança, como a distância social, a lavagem frequente das mãos e o uso de máscaras quando necessário.

As autoridades gregas reconhecem estar alarmadas com um aumento significativo do número de casos diários de coronavírus detetados, que se manteve acima de 200 nos últimos cinco dias. O total de casos confirmados de covid-19 no país soma atualmente sete mil, com 228 mortes.

Muitos dos novos casos foram atribuídos a surtos após os tradicionais casamentos de verão e as férias, quando muitas pessoas resolveram ignorar o distanciamento social e as medidas de proteção.

 

Alemanha preocupada com aumento de casos

Em países onde as escolas e as aulas presenciais já abriram, como é o caso de vários estados da Alemanha, o número de novos casos tem aumentado e preocupado o governo.

Segundo o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, o maior número de contágios verifica-se entre os mais jovens e, embora esta faixa etária sofra, habitualmente, consequências menos severas, as relações com pessoas mais velhas podem levar a uma escalada do número de mortes, avisou o ministro.

O início das aulas tem registado problemas em vários estados, como em Berlim, onde já foram identificados casos em pelo menos sete escolas.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 766 mil mortos e infetou mais de 21,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo a agência francesa AFP. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. Portugal contabiliza 1.778 mortos em 54.102 casos.

// Lusa

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