A Europa está preocupada com a Alemanha

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Ludovic Marin/EPA

Mario Draghi, Emmanuel Macron e Olaf Scholz

Os outros países da UE já não olham para os alemães como o motor do crescimento económico europeu. O cenário mudou.

Tempos houve em que, além do futebol, na economia quem ganhava quase sempre era a Alemanha.

A economia, a indústria, o comércio. As fábricas, os produtos de alta qualidade, os carros. Tudo convencia quando vinha da Alemanha, que era um país dominante nos mercados e confiável para os vizinhos europeus.

Agora não é assim.

Há poucos meses, em Setembro, o canal Euronews destacava que a Alemanha passou a ser o país com pior desempenho, entre os que têm as economias mais desenvolvidas.

Já nesta semana os números confirmaram uma recessão no ano passado: o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha recuou 0,3% em 2023.

Há dois motivos essenciais para esta recessão da economia alemã: a guerra na Ucrânia e a consequente perda do gás natural barato de Moscovo.

Foi uma espécie de choque, dos grandes, para o sector industrial da Alemanha (o maior da União Europeia), que agora atravessa uma crise óbvia.

Os alemães estão preocupados. Alegam que há pouca reacção do Governo, queixam-se dos preços da energia e vêem o país a caminho de uma espécie de “desindustrialização”: há fábricas ameaçadas, empregos em risco – algo impensável até 2022, para a maioria.

Europa atenta

Os outros europeus também estão preocupados. O jornal Handelsblatt escreve mesmo que a Europa está preocupada com o motor de crescimento alemão e, por arrasto, o maior do continente.

“A UE já não pode contar com a Alemanha como âncora para o crescimento“, avisa o jornal alemão, que destaca as preocupações que chegam de França, outra potência europeia – e que tem na Alemanha o seu principal parceiro comercial.

O jornal Le Monde retrata esta “anemia preocupante” na economia alemã e lembra que a maior economia da Europa cresceu apenas 0,7% desde 2019, correndo o risco de estagnar.

Já o Les Échos tem outra descrição: é o fim da “posição excepcional” da Alemanha, cuja economia está num “completo nevoeiro”.

Por cá, o jornal Público acrescentava outra preocupação: crise orçamental. Há problemas de finanças públicas, novas despesas congeladas pelo Governo, investimentos incertos e instabilidade política.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

8 Comments

  1. Que visão tão curta. Enquanto a Alemanha crescia nenhum país se queria comparar a esse crescimento pois não cresciam. Também não estavam preocupados com a sua falta de crescimento, queriam era receber mais e mais dinheiro dos contribuintes alemães. Na Europa a falta de bom senso, de entreajuda e apoio serve-se em doses fartas.

  2. Boa analise, acrescento que o ocidente estava convencido que as sanções economicas impostas à Russia faria com que esta sucumbisse numa questão de meses e por isso com pouco impacto negativo para a Europa. Mas o tiro ainda lhes vai sair pela culatra.

  3. Deixaram-se levar por politices. A questão da guerra com a Ucrânia não foi e nem está a ser bem gerida. Não se aperceberam que era tudo do interesso dos EUA e caíram na burla.

    Deviam sim ter optado por tons diplomáticos na questão do conflito Russo/Ucraniano.

    Aliás, até agora estão a todo gás a botar mais pólvora só para piorar a situação da Europa.
    Um grupinho de políticos da elite da Europa e dos EUA consegue cegar até à maioria dos povos europeus e alguns lambe botas tipo Japão, Coreia do Sul, etc

    Minha opinião

  4. Desde início que foi uma treta.
    Só serviu para encher os ricos e realmente quem precisava de ajuda ficou pior:::::
    Será que estou errado?
    Analisemos os preços dos produtos especiais que duplicou e outros até triplicou e os ordenados mantêm ssse no mesmo patamar há 30 40 anos

  5. Há uns anos a Alemanha era um bastião mundial na i&D e na indústria de ponta. Hoje, não passa dum economia de desenvolvimento mediano. Foi ultrapassada pelos USA, a China, Japão, Coreia do Sul, Taiwan… E continuará a sê-lo por outras economias, casos não siga o exemplo da Grã Bretanha. No próprio país há cada vez mais movimentos a querem-na desvincular da UE, e a seguir o seu próprio percurso, sem Europa

  6. A maioria de imigrantes nas manifestações!
    E olha que sou contra extremismos em qualquer lado, lá é muito perigoso por conta da história que conhecemos.
    Os partidos de esquerda estão apavorados com o crecimento dos partidos de direita.
    Além do que esse governo que está lá está com greves e paralisações principalmente da agricultura.
    Na Alemanha são 80 milhões de pessoas, 10% são de extrema direita e algo em torno de 49% de direita!
    A Europa vai ter muitos problemas nos próximos anos.
    Os EUA liberaram a produção de vários armamentos que eram controlados pela NATO para a Alemanha.
    Tão dando mole!

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