“O euro nunca esteve tão ameaçado.” A frase é do ministro das Finanças francês e surge depois de o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, ter dado como certa a morte do euro.
O ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, considerou esta terça-feira que o euro “nunca esteve tão ameaçado”, devido ao risco de crise económica associado a guerras comerciais e ao desejo de alguns dirigentes europeus de acabarem com a moeda única.
“Há os que consideram como eu que o euro está agora ameaçado. Nunca esteve tão ameaçado”, declarou Le Maire num encontro com jornalistas, mencionando também “o risco de sobreavaliação de ativos e o regresso de uma crise financeira”. “Mas a nossa moeda comum está sobretudo ameaçada politicamente, dado que muitos líderes europeus não escondem o desejo de ver o euro desaparecer”, sublinhou.
O ministro francês disse ter ouvido com atenção as declarações em Roma de Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro italiano e dirigente da extrema-direita, prevendo “a morte” do euro. “Não é o que se pode chamar de um forte apoio à nossa moeda comum”, apontou.
“Salvini é apoiado por Le Pen, por outros conservadores radicais da Europa e eles fizeram uma escolha que tem o mérito de ser clara, que é o desaparecimento do euro e o regresso às moedas nacionais”, assegurou o ministro francês, a poucos dias de eleições que podem reforçar a presença de nacionalistas de extrema-direita no Parlamento Europeu, segundo as sondagens.
O euro também está ameaçado por causa do “risco de crise económica que pode surgir com a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos“, segundo Le Maire.
O conflito comercial sino-norte-americano entrou numa nova fase com a interdição de fornecimento de componentes e serviços tecnológicos dos Estados Unidos ao fabricante de telemóveis chinês Huawei.
Segundo o ministro francês, os Estados Unidos mostram-se também “hostis quanto ao reforço da construção europeia e apostam na divisão entre países europeus, tentando pôr a Alemanha contra a França e a França contra a Alemanha”. Por sua vez, a França quer reforçar a zona euro e conta que sejam “aceleradas” decisões concretas após as eleições europeias.
Bruno Le Maire precisou que Paris e Berlim vão apresentar em Bruxelas no final de junho um “documento detalhado sobre o funcionamento do orçamento da zona euro”, um contributo para reforçar a moeda europeia.
ZAP // Lusa