Estudo inédito descobre que os elefantes choram e enterram os seus mortos

Parveen Kaswan, Akashdeep Roy

Um grupo de elefantes carrega uma cria morta para o local de sepultamento

Os elefantes asiáticos realizam rituais de enterro para as suas crias falecidas,  descobriu um novo estudo, realizado no norte da Índia, que fornece novas perspetivas sobre a profundidade emocional e as complexidades sociais destes animais.

Uma equipa de investigadores realizou no norte da Índia um estudo aprofundado sobre o comportamento dos elefantes asiáticos, focado especificamente na sua reação à morte das suas crias.

A pesquisa teve como objetivo esclarecer a profundidade emocional e as complexidades sociais destes animais ameaçados, a partir da observação dos seus rituais de luto.

Os resultados do estudo, que foram publicados no fim de fevereiro no Journal of Threatened Taxa, permitiram descobrir que os elefantes manifestam luto de uma forma distintiva, que inclui o enterro das crias falecidas.

No decurso do seu ritual de sepultamento, os elefantes carregam as suas crias a longas distâncias até ao seu local de descanso final, tipicamente afastados de populações humanas, e enterram-nas em posições muito específicas, com as pernas para o ar.

“Os sepultamentos de crias são eventos extremamente raros na natureza”, explica Akashdeep Roy, investigador do Instituto Indiano de Educação e Investigação Científica e co-autor do estudo, citado pela New Scientist.

No estudo, que foi conduzido entre setembro de 2022 e outubro de 2023, na região de Bengal, foram observados e registados fotograficamente cinco casos diferentes de enterros de crias.

As crias examinadas tinham entre 3 meses a um ano de idade e mostravam sinais de desnutrição e infeções, com hematomas que indicavam terem sido arrastadas até aos seus locais de enterro.

Ao contrário dos elefantes africanos, que foram observados a cobrir os corpos mortos com vegetação e a regressar mais tarde aos locais, os elefantes asiáticos deste estudo evitaram regressar aos locais de enterro, escolhendo caminhos alternativos.

Os investigadores encontraram também pegadas e excrementos de diferentes tamanhos ao longo dos percursos usados, o que sugere que os rituais são realizados por manadas com membros de todas as idades.

Os elefentes são enterrados em posições específicas e de pernas para o ar

No decorrer da pesquisa foram também recolhidos depoimentos de guardas noturnos das plantações de chá da região, que relataram ouvir com frequência vocalizações altas de elefantes, de 30 a 40 minutos, antes de o rebanho deixar o local. Aparentemente, os elefantes também choram os seus mortos.

“Estas observações oferecem evidências impressionantes das complexidades sociais dos elefantes,” explica Chase LaDue, investigador do Jardim Zoológico e Botânico de Oklahoma, que não esteve envolvido no estudo.

“Estudos anteriores tinham encontrado evidências de que os elefantes parecem comportar-se de forma única em relação aos seus familiares falecidos, mas este é o primeiro a descrever o que parece ser o enterro metódico e deliberado de crias de elefante depois de terem sido transportadas para o local de sepultura”, acrescenta LaDue.

Esta pesquisa fornece-nos um relato comovente do amor, perda e dor destas criaturas magníficas, que estão classificados como “Em Perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza.

Armando Batista, ZAP //

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