Documentos secretos agora desclassificados revelam que Marika Rökk, uma das maiores estrelas do cinema alemão na era nazi e no pós-guerra, afinal trabalhou para os serviços secretos soviéticos.
Marika Rökk nasceu no Cairo em 1913 e passou a sua infância em Budapeste. Em 1921, Rökk emigrou com os pais para Paris onde, anos mais tarde, iniciou a sua carreira de bailarina no famoso Moulin Rouge.
Depois de largas temporadas em Nova Iorque, Cannes, Londres e Monte Carlo, decidiu, em 1934, fixar residência em Berlim, onde ganhou fama como cantora, bailarina e atriz.
Mas, de acordo com relatórios secretos agora divulgados, a estrela da indústria cinematográfica terá trabalhado para o KGB – o serviço secreto da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Marika Rökk chegou a ser proibida de representar durante dois anos, por causa das ligações ao regime nazi, mas os serviços secretos alemães acreditavam que, afinal, a atriz passava informações a Moscovo.
Segundo o The Guardian, a celebridade foi recrutada para o KGB pelo seu agente, Heinz Hoffmeister. O marido de Rökk, o realizador Georg Jacoby, também terá trabalhado ao seu lado como espião.
O casal terá integrado uma rede de espionagem soviética chamada Krona, liderada pelo espião Yan Chernyak, conhecido como o “homem sem sombra”, devido à capacidade de se deslocar sem ser detetado.
As primeiras suspeitas sobre as ligações de Rökk à União Soviética surgem através da Gehlen, os serviços secretos da Alemanha, em documentos secretos de 1951 – o mesmo ano em que a atriz decidiu abandonar o cinema para se dedicar a outros negócios.
Não se sabe se, nessa altura, Rökk já sabia que estava sob suspeita de espionagem ou se as autoridades alemãs tomaram alguma acção contra a actriz.
Durante vários anos, Marika Rökk foi considerada anti-comunista, uma ideia que poderá ter sido criada devido à relação que mantinha com o regime nazi.
Um cartão postal datado de novembro de 1940, que a atriz escreveu a Adolf Hitler, no qual lhe agradece profundamente um ramo de flores que o líder nazi lhe terá enviado, está em exibição no Museu de Cinema de Berlim.
Apesar de ter anunciado que ia abandonar o cinema, Marika Rökk continuou a participar em filmes até ao final dos anos 80. Morreu em 2004, aos 90 anos.
Na época em que esta actriz alcançou o auge da sua fama, os serviços secretos soviéticos eram o NKVD, pelo menos até 1943 (o KGB só seria fundado em 1954).