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Começou a última batalha para derrotar o Estado Islâmico

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Kurdishstruggle / Flickr

Uma “batalha final” para derrotar o Estado Islâmico (EI) está em andamento na aldeia de Baghuz, perto da fronteira iraquiana, onde a organização terrorista está escondida. O objetivo das forças aliadas “é limpar os últimos resquícios” do grupo jihadista no leste e norte da Síria.

Segundo informou a CNN, no domingo, as Forças Democráticas da Síria (FDS), apoiadas pelos Estados Unidos (EUA), atacaram o último grupo de combatentes do EI escondido em Baghuz. Na aldeia, os terroristas utilizam uma rede de túneis escavados por baixo da aldeia para se deslocarem entre as casas sem serem detetados e manterem a resistência, utilizando mísseis guiados por calor.

Acredita-se que entre 400 a 600 jihadistas – incluindo estrangeiros – e entre 500 e a mil civis estejam escondidos nos túneis e nas trincheiras ao redor da aldeia, numa área com cerca de dois quilómetros quadrados, indicou o Mirror.

Num artigo sobre o tema, o Guardian indicou que os líderes do EI mantêm reféns ocidentais capturados nos últimos cinco anos, que planeiam usar como “moeda de troca”. Acredita-se que o jornalista britânico John Cantile, capturado em 2012, esteja entre eles.

Após a proclamação de um “califado”, em 2014, ao longo de uma área territorial que se estendia entre a Síria e o Iraque, o EI foi sendo enfraquecido por múltiplas ofensivas. De acordo com o Mirror, a organização terrorista detém apenas 1% da área que controlava, correndo agora o risco de ser eliminada em poucos dias.

Durante uma semana, as FDS haviam parado o seu avanço para permitir a fuga de civis, tendo retomado o ataque no domingo de manhã. Neste confronto, adiantou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), morreram 13 combatentes do EI – incluindo cinco homens-bomba – e cinco das FDS.

“Os confrontos são naturalmente ferozes, visto que o grupo terrorista está a defender o seu último bastião”, disse à Reuters Bali Mustafa, assessor das FDS. À AFP, assegurou que a aliança “retomou posições perdidas”.

Mais de 20 mil civis foram evacuados nos 10 dias que antecederam a luta do fim de semana. “Se pudermos, num curto espaço de tempo, tirar os restantes civis ou isolá-los, acredito que os próximos dias testemunharão o fim militar da organização terrorista nesta área”, afirmou Bali Mustafa.

Liderada pela milícia curda YPG, as FDS têm sido o principal aliado dos EUA na Síria, expulsando o EI do norte e do leste do país, nos últimos quatro anos. Depois de capturar a cidade de Raqqa, em 2017, moveram-se para sul, para a província de Deir al-Zor, atacando os jihadistas na margem oriental do rio Eufrates. O EI mantém ainda território numa parte da Síria, controlada pelo governo sírio, com o apoio dos russos e dos iranianos.

Em dezembro, o presidente dos EUA, Donald Trump, avançou que os dois mil soldados americanos deslocados iriam ser retirados da Síria, visto que a batalha contra o EI estava “quase vencida”. Esse plano alarmou os aliados europeus, que temem que o grupo ressurja em solo sírio na ausência de um plano de paz viável, que acabe com a guerra civil.

Contrariando a opinião de Trump, a chanceler alemã Angela Merkel afirmou, sexta-feira, que o EI está longe de ser derrotado. “O chamado Estado Islâmico foi expulso, por sorte, dos seus territórios, mas isso não significa, infelizmente, que o tenha desaparecido. Está a transformar-se numa força de combate assimétrica”, declarou, durante a inauguração da sede da agência de inteligência estrangeira alemã (BND), em Berlim.

Ainda esta quarta-feira, o presidente norte-americano disse que esperava fazer um anúncio formal, esta semana, sobre a recuperação total do território anteriormente sob controle do EI. No entanto, mesmo que o fim pareça próximo, a coligação recusa-se a anunciar uma possível data para o fim da ofensiva.

Sobre a “batalha final”, o Week informou que a mesma surgiu poucos dias depois de ter sido divulgada uma tentativa de golpe por parte combatentes estrangeiros contra o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, que alguns especialistas norte-americanos acreditam ainda estar vivo e escondido no Iraque.

Ao Guardian, uma testemunha da tentativa de golpe contou que alguns membros do grupo revoltaram-se contra o líder, em setembro do ano passado. O EI terá anunciado uma recompensa para a captura do combatente estrangeiro Abu Muhammad al-Jazairi, que acredita-se ser o líder do golpe.

De acordo com o Sapo, centenas de pessoas, principalmente pertencentes às famílias dos jihadistas, fogem todos os dias dos combates. Na quarta-feira, cerca de 300 mulheres e crianças, a maioria iraquianas, aguardavam em pequenos grupos perto de uma posição das FDS nos arredores de Baghuz, tendo a maioria passado a noite ao ar livre.

Muitos já tinham fugido no dia anterior, em direção à primeira barreira de militares das FDS, tendo sido transportados para a uma área onde se encontram os civis que desertaram do último reduto extremista.

O OSDH apontou ainda para a fuga de 38 mil pessoas desde dezembro, mais de 3,5 mil supostos combatentes da organização ultrarradical.

Taísa Pagno, ZAP //

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