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Esquerda está a “fritar em lume brando” o Governador (e o Governo a ver)

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José Sena Goulão / Lusa

O governador do banco de Portugal, Carlos Costa

O braço-de-ferro entre o Governador do Banco de Portugal e o Governo prossegue, numa altura em que Carlos Costa perdeu o seu vice-governador, que se demitiu, e parece ficar cada vez mais isolado no cargo.

José Ramalho pediu a demissão do cargo de vice-governador do Banco de Portugal (BdP) “por razões pessoais”, adianta o jornal Público, notando que este elemento já regressou à Caixa Geral de Depósitos, mesmo antes de ter sido encontrado um sucessor para o lugar.

Entretanto, também Pedro Duarte Neves, outro vice-governador em final de mandato, está de saída, mas vai permanecer em funções até à designação de um substituto.

Assim, restam cinco administradores em funções no BdP quando o Governo e Carlos Costa mantêm uma “guerra surda”, avança o Observador.

O Governo chumbou o nome de Rui Carvalho, actual director do Departamento de Mercados, por duas vezes, frisa o Público. Mas Carlos Costa não pretenderá “abdicar da promoção” deste elemento, o que causa aqui um dilema sem fácil solução.

A estratégia de António Costa e do seu Executivo passará por “retirar influência ao Governador” dentro do BdP para “tentar ganhar um maior ascendente sobre o regulador”, escreve o Observador.

Em termos partidários, o PS, o Bloco de Esquerda e o PCP têm apontado muitas críticas a Carlos Costa, especialmente depois da exibição da reportagem da SIC “Assalto ao Castelo”, na qual se alega que o BdP tinha conhecimento da falência do BES, mais de um ano antes do seu colapso.

Num artigo de opinião no Jornal de Negócios, o jornalista Camilo Lourenço acusa os partidos de esquerda de estarem “a fritar em lume brando o Governador” e fala mesmo no “linchamento” de Carlos Costa.

Marcelo não vai deixar cair Carlos Costa

Quem não parece disposto a deixar cair o Governador é Marcelo Rebelo de Sousa que recebeu Carlos Costa em Belém, no fim-de-semana que passou.

O Presidente da República refere, em declarações recolhidas pela Lusa, que continua “a fazer tudo no sentido de consolidar o sistema financeiro“.

“Estamos todos a remar na mesma direcção. É isso que tem acontecido e que vai acontecer”, atirou ainda Marcelo, dando a entender que não pretende “deixar cair o governador”, conforme releva o Público.

Entretanto, Carlos Costa pediu para ir ao Parlamento, para dar explicações, depois das dúvidas levantadas sobre a reportagem da SIC, facto que António Costa considera “excelente”.

“É sempre saudável que haja um acompanhamento por parte da Assembleia da República da actividade de supervisão e, se o Governador quer dialogar com a Assembleia, excelente”, disse o primeiro-ministro, citado pela Lusa.

SV, ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Tanta polémica sobre o governador do BdP, eu até acredito que haja razão de queixa que aliás já vem de muito de trás a começar no senhor Vítor Constâncio ou antes, mas já agora em vez de tanto alarido e espetáculo tenham a coragem de empurrar o homem de lá para fora e ponham lá alguém de confiança deles, porque não uma das manas Mortágua?

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