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“Da Rússia com amor”. Operação de espionagem russa em Itália permitiu recolher dados essenciais à Sputnik V

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premier.gov.ru

O presidente da Rússia, Vladimir Putin

Em março de 2020, o cenário era negro em Itália, e uma equipa humanitária russa foi enviada para apoiar o país nos piores dias da primeira vaga de covid-19. Contudo, a operação escondeu uma missão de espionagem que viria a ser fulcral para o desenvolvimento da vacina Sputnik V.

“Da Rússia com amor” é a operação agora divulgada pelo diário italiano La Repubblica, que explica como Moscovo conseguiu reunir dados cruciais para combater o vírus, sem que as autoridades italianas desconfiassem das intenções ocultas da operação russa.

A 22 de março de 2020, 13 aviões militares russos aterraram na base aérea de Pratica di Mare, a sul de Roma, carregados com material e pessoal médico. Depois da origem na China, o epicentro da pandemia estava agora em Itália, com mais de 80 mil casos positivos e 8 mil mortes.

A equipa, composta por 104 militares, incluía também dois dos epidemiologistas russos mais conceituados, que acabaram por ser os pivots da verdadeira operação, delineada pelo Ministério da Defesa.

Com a sua presença no epicentro da pandemia, os cientistas russos colocaram-se assim numa posição privilegiada para recolher informações em primeira mão, algo que não tinham conseguido na China.

Segundo o jornal, terminada a missão em Itália, a 9 de abril, os dados recolhidos pela dupla de epidemiologistas russos nunca foram partilhados com as autoridades italianas, embora os militares russos destacados nos hospitais de Bérgamo oferecessem uma ajuda preciosa no combate ao vírus, “na hora mais negra da história recente” de Itália.

O diário italiano frisa que a operação serviu para reunir dados sobre o coronavírus e desenvolver a estratégia do Kremlin contra a pandemia.

Assim, a informação recolhida em Itália acabou por ser decisiva para a criação da vacina Sputnik V, cuja sequenciação genética foi feita a 17 de março a partir da amostra de uma pessoa infetada em Roma.

O La Repubblica questiona ainda quem terá dado o primeiro passo para o início desta missão e pergunta se terá sido Putin a oferecer ajuda ou se terá sido Conte a pedi-la.

Ana Isabel Moura, ZAP //

10 Comments

  1. A Este nada de novo, já todos sabemos como as coisas funcionam na Russia, só não entendo como ainda se tem a Russia como um parceiro confiável, depois de tudo o que se tem passado nos ultimos anos, incluindo os ataques , as provocações com aviões, as conquistas de território a outros paises, o abate de um avião civil, os ciberataques … os outros paises ja há muito devriam ter colocado a Russia de lado.

  2. Os russos são artistas em meter o nariz em casa alheia, aqui foi o caso da vacina, em África vacinaram-nos todos com o comunismo e é ver hoje o desenvolvimento e paz que esse continente usufrui atualmente.

  3. Fiz aqui uma critica a esta noticia e , mais uma vez, tudo o que critique directa ou indirectamente o trabalho jornalistico, e’ censurado. E’ uma vergonha, voltamos ao fascismo corporativo.

    Vejo aqui muitas vezes palavroes, etc. Nada disso vos incomoda, quando os comentadores se insultam como peixeirada uns aos outros, apesar de muitas vezes o nivel dos comentarios permitidos e’ puro lixo. Mas ja’ opinioes escritas sem palavroes, mas que comentam criticamente a forma e substancia da noticia, e’ censurada.

    Muitas pessoas esqueceram-se que a natureza do fascismo era precisamnte o poder corporativo. As corporacoes julgam-se intocaveis – e eram de facto protegidas pela ditadura, desde que nao pusessem em causa o ditador.

    A livre expressao garantida pela constituicao da republica, nao se limita ao direito a’ opiniao sobre temas, tambem inclui o direito a’ opinao sobre o produto e a forma como os temas sao apresentados.

    Tal como ja aconteceu no passado, os senhores ARROGAM-se o poder do lapiz azul da ditadura fascista, e apagam tudo o que seja critico do que fazem os membros da vossa corporacao. E de resto nao vou suster a respiracao sobre se publica esta minha denuncia. Mas assim nao podem olhar-se ao espelho – podem esconder as criticas, mas nao podem ficar com a consciencia tranquila. De cada vez que se olharem para o espelho, sabem que estao a olhar para alguem que , abusando do poder de moderacao, filtram as criticas que vos sao inconvenientes.

    Vergonha.

    • Caro leitor,
      Olhe que não, olhe que não.
      O ZAP aceita e agradece críticas ao seu trabalho, e não esconde as críticas.
      Qualquer que seja a substância da crítica.
      Mas não qualquer que seja a forma.
      Quando a forma é o insulto, não é aceitável, quando a crítica não é ao trabalho mas a quem o fez, não é aceitável. Os jornalistas do ZAP erram. Assumem e corrigem. Mas têm direito ao seu bom nome e dignidade.
      E de cada vez que um leitor compara a legítima recusa de aprovar comentários injuriosos (que podiam ser feitos exatamente com o mesmo conteúdo mas sem a injúria) com as “censuras” e os “fascismos” e vêm com o habitual “lápis azul”, esse leitor está na realidade a insultar todos os portugueses que de facto viveram na pele verdadeira ditadura, censura e lápis azul. E isso, sim, é uma vergonha.

      • E como sempre, arrogam-se ao direito de responder SEM PUBLICAR O TEXTO QUE ESTAO A CRITICAR. E’ uma vergonha, sim, um abuso de poder, voces criticam o meu texto em publico, mas ESCONDEM o texto para que todos os leitores nao possam eles proprios avaliar se a vossa “critica” ao meu texto tem razao de ser, ou sim, e’ uma censura abusiva.

        Se acham que e’ tao evidente que tem razao, porque e’ que escondem o texto que estao a censurar? Em que deontologia etica encontram justificacao para me estarem a atacar aqui em publico, enquanto ESCONDEM o texto que estao a atacar?

        Assim, o que voces fizeram, mais uma vez, foi ABUSAR do vosso poder. Voces dizem o que querem, mas EU tenho o texto, que voces estao a comentar, escondido dos olhos dos leitores por VOCES.

        E’ preciso ter um grande descaramento armarem-se em vitimas: voces e’ que tem o poder de censurar, nao eu. E estao a abusar desse poder.

      • Caro leitor,
        Obviamente, se o seu comentário original não foi publicado, foi porque considerámos que não tinha dignidade para o ser.
        Nós também o temos. E mantemos a decisão de não o publicar.
        Sempre que não conseguir exprimir a sua (já agora, válida) opinião sem injuriar terceiros, vamos perder a sua opinião, não a dignidade das pessoas ou entidades que vê necessidade de insultar.
        Portanto, exprima as suas opiniões à vontade, mas deixe os insultos em casa.
        E uma vez mais, não insulte quem viveu na pele verdadeira ditadura e censura.

  4. Chamar a isto espionagem não será assim a modos que um nadinha exagerado?! Imaginemos que um grupo de cientistas da UE ou dos EUA vem a Portugal, dá-nos «uma ajuda preciosa no combate ao vírus» e vai-se embora sem partilhar connosco dados «recolhidos em primeira mão». A Ana Isabel Moura vai chamar a isso «espionagem»? É provável que não. A russofobia – espécie de sucedâneo pavloviano do anticomunismo – tem muita força, e assim vai continuar enquanto a Rússia se comportar como travão à hegemonia do Império.

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