Escrava sexual do Daesh foi obrigada a comer o próprio filho

European Parliament / Flickr

A deputada Vian Dakhil (dir), a única mulher Yazidi que integra o Parlamento do Iraque

Uma deputada iraquiana que ajuda a salvar escravas sexuais das garras dos terroristas do Estado Islâmico conta como elementos deste grupo levaram uma destas mulheres a comer o próprio filho e como violaram uma criança de 10 anos até à morte, em frente à família.

Este relato do horror vivido por mulheres e crianças Yazidi, uma etnia curda, que são forçadas a tornar-se escravas sexuais dos terroristas do Daesh, está a chocar o mundo.

A porta-voz desta tragédia humana é a deputada Vian Dakhil, a única mulher Yazidi que integra o Parlamento do Iraque, e as suas revelações foram proferidas numa entrevista dada no início do mês, mas só agora traduzida para Inglês pelo Instituto de Pesquisa do Médio Oriente (MEMRI na sigla original em Inglês).

Essas declarações são noticiadas pelo jornal The Washington Times que nota como Vian Dakhil refere que o Daesh matou e raptou milhares de mulheres e jovens rapazes Yazidi, transformando os que sobreviveram em escravas sexuais e em bombistas suicidas.

A deputada está envolvida em operações de resgate de vários prisioneiros Yazidi e relata como terroristas do Daesh “telefonam e oferecem-se para vender” as raparigas que têm em cativeiro.

“Telefonam à família da rapariga e nós compramo-la”, relata Vian Dakhil. “Nós, os Yazidis, no Século XXI, compramos as nossas filhas e as nossas mulheres“, acrescenta num lamento de dor e revolta.

“Uma das mulheres que conseguimos recuperar do Daesh disse que foi mantida, numa cave, durante três dias, sem comida ou nada. Depois disso, levaram-lhe um prato de arroz e de carne. Ela comeu a comida porque estava com muita fome. Quando terminou, disseram-lhe: cozinhamos o teu filho de um ano que te tiramos e foi isso que acabaste de comer“, conta também a deputada perante um entrevistador que não consegue conter a emoção com o relato aterrador.

“Uma das raparigas disse que levaram seis das suas irmãs. A irmã mais nova, uma menina de 10 anos, foi violada até à morte, em frente ao seu pai e irmãs. Ela tinha 10 anos”, revela também, contendo as lágrimas.

“Porquê? Porque é que estes selvagens nos fazem isto?”, desabafa finalmente, Vian Dakhil, notando que essa é a pergunta que se repete sucessivamente sem uma resposta à vista.

A etnia Yazidi tem sido um dos mais vulneráveis alvos do Daesh que vende crianças de 1 a 9 anos como escravas sexuais por 150 euros.

A activista Nadia Murad, de etnia Yazidi e ex-escrava sexual do grupo terrorista, tem sido uma das mais fortes vozes na luta pela libertação dos milhares de prisioneiros do seu povo que continuam nas mãos do Daesh.

Essa luta valeu-lhe a nomeação como embaixadora da ONU.