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Organização norte-americana de escoteiros declara falência perante milhares de casos de abusos sexuais

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A organização de escotismo Boy Scouts of America deu início ao processo de bancarrota para fazer frente a milhares de pedidos de indemnização por abuso sexual de menores ao longo das décadas.

A maior organização do escotismo norte-americano, a Boy Scouts of America, declarou falência esta terça-feira por falta de capacidade económica para lidar com o número avultado de processos por abuso sexual, e respetivos pedidos de indemnização, que estão ainda pendentes na justiça.

Segundo a Associated Press, esta foi a única solução encontrada pelos advogados da organização para “travar” o pagamento de indemnizações, uma vez que a Boy Scouts of America alega não ter meios financeiros. Desta forma, com o processo de bancarrota, consegue proteger o seu património, que, eventualmente, seria penhorado.

Mais de 12 mil crianças dizem-se vítimas de abuso sexual quando fizeram parte dos escoteiros norte-americanos.

Além disso, cerca de oito mil escoteiros são suspeitos de cometerem os abusos, segundo os números que constam de um relatório, conhecido como “os ficheiros da perversão“, apresentado em tribunal e divulgado no ano passado pelo advogado Jeff Anderson, especialista na defesa de vítimas de abuso sexual.

Em comunicado, a Boy Scouts of America manifestou solidariedade para com as vítimas, garantindo que fizeram sempre tudo para proteger as crianças.

“Preocupamo-nos profundamente com todas as vítimas de abuso e pedimos sinceras desculpas a quem possa ter sofrido durante o seu tempo no Escutismo. Acreditamos nas vítimas, que apoiamos e a quem pagámos ajuda ilimitada em termos de aconselhamento. Nada é mais importante que a segurança e a proteção das nossas crianças e, por isso, revolta-nos que alguns indivíduos se tenham aproveitado dos nossos programas para abusar de crianças inocentes”, lê-se na nota.

As suspeitas não são propriamente uma novidade, uma vez que, em 2012, tinham sido identificados mais de 1.000 suspeitos de abuso sexual nos escoteiros. No entanto, uma análise mais detalhada aos documentos veio revelar um número significativamente mais de agressores e vítimas.

De acordo com a AP, foram identificados 7.819 suspeitos, entre líderes e voluntários dos escuteiros, do crime de abuso sexual de 12.254 crianças, desde 1944 e 2016. Os alegados agressores terão sido afastados da organização e as autoridades alertadas.

ZAP //

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