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Porque escolher os ténis errados pode duplicar o risco de lesões

Um novo estudo revela uma falha crítica na forma como os corredores escolhem as suas sapatilhas — que podem ser, literalmente, o seu calcanhar de Aquiles.

Imagine-se a correr num trilho ou numa passadeira. Aterra primeiro com o calcanhar (passada traseira) ou com o meio ou a frente do pé (passada não traseira)?

Se for como a maioria dos corredores analisados num novo estudo, que analisou os padrões de corrida de 710 participantes, pode estar enganado quanto à sua resposta — e esse equívoco pode estar a pô-lo a jeito para uma lesão.

O estudo, recentemente publicado na revista Frontiers in Sports and Active Living, conclui que a maioria dos corredores não tem consciência da forma como os seus pés batem no chão quando correm.

Esta falta de consciência, particularmente entre os que usam sapatos de salto grosso, pode estar a contribuir para lesões relacionadas com a corrida e a dificultar os esforços para melhorar a forma de correr.

Conduzida por investigadores da Universidade da Florida, esta investigação revelou que apenas 42,7% dos corredores conseguiam identificar com exatidão o seu padrão de pisada.

De todos os participantes, 28,3% declararam usar passada traseira, enquanto 47% aterram primeiro com a parte da frente do pé, e 24,6% admitiram não conhecer o seu padrão.

No entanto, as análises biomecânicas mostraram que, entre os que não sabiam o seu padrão de pisada, 81% usam efetivamente primeiro o calcanhar, e 19% têm uma passada não traseira.

“O sapato está entre o pé e o chão — e caraterísticas como uma grande diferença de altura entre o calcanhar e a biqueira tornam mais difícil para os corredores identificarem a forma como estão a bater no chão”, explica Heather Vincent, diretora do UF Health Sports Performance Center e principal autora do estudo, num comunicado.

“Isso altera a forma como treinamos as pessoas ou determinamos se alguém corre o risco de sofrer futuras lesões”, acrescenta a investigadora.

O que torna esta descoberta particularmente significativa é o facto de os padrões de batida do pé terem merecido uma atenção considerável nos últimos 15 anos como potenciais contribuintes para lesões relacionadas com a corrida.

Dados de diversos estudos sugerem que a prevalência de lesões relacionadas com a corrida varia entre 49% e 92%, nota o Study Finds.

De acordo com os resultados do novo estudo, os corredores que usam o calcanhar têm o dobro da prevalência de lesões repetitivas relacionadas com a corrida, além de uma menor variabilidade do ângulo de contacto do pé, o que pode amplificar a carga localizada nos tecidos e o risco de lesões.

As caraterísticas do calçado revelaram-se particularmente importantes. Os corredores que não utilizam o calcanhar e que identificaram corretamente o seu padrão usavam normalmente calçado mais leve e com menor diferença de altura do calcanhar à biqueira.

Estes corredores também registaram as taxas de lesões mais baixas de todos os grupos — descoberta que sugere que as sapatilhas minimalistas podem melhorar a sensação do solo e promover uma melhor consciência da corrida.

Entre as descobertas mais intrigantes do estudo, os corredores que admitiram “não saber” o seu padrão de pisada tiveram a maior prevalência de lesões relacionadas com a corrida – 73% em comparação com 56% e 58% para os corredores que declararam não ter pé traseiro e pé traseiro, respetivamente.

Este facto sugere que a consciência corporal pode desempenhar um papel crucial na prevenção de lesões, concluem os autores do estudo

ZAP //

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