Escândalo sexual deixa Trabalhistas às avessas. Deputadas têm “lista negra” com 30 nomes

UK Parliament / Wikimedia

Deputado Trabalhista Geraint Davies

As deputadas e funcionárias do partido denunciam uma cultura de assédio e falhas institucionais no apoio às vítimas.

O mais recente caso de assédio sexual em Westminster está a causar alvoroço dentro do Partido Trabalhista. A onda de acusações contra o deputado veterano Geraint Davies está a causar um clima tenso dentro do partido.

Uma investigação do Politico falou com 20 pessoas que trabalharam com Davies que relatam que o deputado bebe em excesso e tem vários comportamentos inapropriados com funcionárias parlamentares, sempre mais novas. A mais jovem tinha apenas 19 anos.

Cinco mulheres acusam o deputado de 63 anos de as convidar para ir para o seu apartamento, fazer comentários sobre a sua aparência, enviar mensagens sexualmente sugestivas e de as apalpar. Depois da publicação da investigação, uma sexta mulher também veio a público com acusações semelhantes com Davies.

Uma deputada Trabalhista que não foi assediada por Davies, mas que trabalhou com ele, diz que já notou que “outras mulheres sentem-se desconfortáveis perto dele” porque o deputado “entra no seu espaço pessoal”.

O partido Trabalhista suspendeu o deputado e retirou-lhe o whip. Na resposta às acusações. Davies diz não reconhecer as “alegações sugeridas” nem sabe quem as fez. “Se causei ofensa inadvertidamente a alguém, então peço desculpa porque é importante partilharmos um ambiente de respeito mútuo por todos”, referiu.

Mas a suspensão não está a acalmar os membros Trabalhistas, com várias deputadas e assessoras a denunciar uma cultura de assédio e silêncio dentro do partido e em Westminster.

A deputada Rosie Duffield escreveu numa conversa no WhatsApp com outras mulheres do partido que está “francamente farta” dos escândalos sexuais e que a resposta do partido fica muito aquém do necessário dada a escala do problema.

A também deputada Charlotte Nichols adianta que recebeu uma lista negra com “cerca de 30 nomes” de homens que devia evitar quando foi eleita em 2019. “Tentar garantir que nunca fico sozinha com eles para minimizar o risco para a minha segurança pessoal não é algo que deve ser normal em qualquer local de trabalho”, conta à Times Radio.

“A parte mais triste é que nem estou surpreendida, até porque é um nome que tinha sido partilhado antes. Isto é algo que acontece vezes sem conta e sempre que acontece, trata-se como se fosse apenas uma maça podre e o sistema continua. Dentro de algumas semanas, será outra pessoa e nada parece ser feito”, considera.

Duas outras deputadas anónimas revelam ao Politico que as mulheres no partido se avisaram sobre o comportamento de Davies, mas houve inércia institucional na resposta à situação.

Anneliese Dodds, das chefias dos Trabalhistas, defendeu os processos do partido e assegura que as queixas estão a ser levadas a sério. Um porta-voz do partido garante ainda que os Trabalhistas “tratam as queixas de assédio sexual e abusos com a maior seriedade e toma acções em resposta a qualquer queixa”.

Adriana Peixoto, ZAP //

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