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Rio defendeu, Rangel atirou, Balsemão marcou e Montenegro fez o relato. A luta interna do PSD fez-se nas entrelinhas da posse de Moedas

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António Cotrim / Lusa

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, e o presidente do Partido Social Democrata, Rui Rio

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, e o presidente do PSD, Rui Rio

Podia ter sido um jogo de futebol, mas foi só a tomada de posse de Carlos Moedas. Na Praça do Município, em Lisboa, Rio defendeu ao não ter notado a presença de um dos protagonistas dos últimos dias; Rangel atirou sob o âmago dos novos tempos; Balsemão marcou com a tese de que o partido não está sossegado e isso é bom; enquanto Montenegro fez o relato de que Lisboa pode mesmo servir de exemplo para o país.

Carlos Moedas tomou posse, esta segunda-feira, como novo presidente da Câmara de Lisboa, mas a Praça do Município foi também o palco da disputa interna do PSD. De Francisco Pinto Balsemão a Rui Rio, de Paulo Rangel a Luís Montenegro, houve sinais da turbulência laranja. E, segundo o Observador, até o silêncio de Passos Coelho e Cavaco Silva disse muito.

Se Rui Rio defende que o PSD deve estar calmo em tempos de iminente crise política, o fundador Francisco Pinto Balsemão desalinha e entende que a agitação trazida pelas eleições é benéfica aos laranjas.

“O meu partido está sempre em mutação. Não está sossegado, mas isso também é bom. Partidos que adormecem não duram muito tempo”, afirmou, em contraste com a intenção do líder de adiar as diretas devido ao risco de eleições antecipadas.

Mas foi nas entrelinhas que se fizeram os maiores ataques. Sobre as internas, Paulo Rangel não quis comentar a neutralidade de Carlos Moedas nas eleições do PSD, mas lembrou que é “um grande amigo” e que é “adepto dos novos tempos”. Novos tempos são sinónimo de renovação e uma potencial troca de líder pode significar isso mesmo.

Depois do discurso de Moedas, foi a vez de Rui Rio lembrar a vitória na capital, chamando a si parte dos louros. “Tenho consciência, alguns não têm, que dei um contributo importante para que isto possa acontecer”, afirmou, numa tacada clara a Rangel e seus defensores.

Sobre a recandidatura, não avançou grandes detalhes, mas não perdeu uma oportunidade para lembrar que é o presidente em funções. “Aquele que é o presidente do PSD tem de estar sempre [preparado ser protagonista da mudança no país], como é evidente, senão não se propõe ser presidente do PSD, como me propus-me ser e, portanto, estou.”

Confrontado com a presença de Paulo Rangel na cerimónia, Rio respondeu: “Ele está aí? Não o vi“. O líder social-democrata não cumprimentou o mais recente candidato à liderança do partido, mesmo estando sentado a poucos metros dele. “Se estiver aí, cumprimento. Acha que eu sou mal educado?”

Luís Montenegro também marcou presença: tanto na tomada de posse, como na sombra da disputa interna do partido. Lisboa pode ser “uma demonstração de como o PSD pode intervir na sociedade” e, a partir da Câmara de Lisboa, “como nós do PSD podemos intervir na sociedade, podemos transformar a sociedade e oferecer melhor qualidade de vida aos nossos concidadãos”.

Traduzindo por miúdos, Lisboa pode ser o exemplo e servir para mostrar ao país “todo o nosso potencial de intervenção cívica e política”. Se, para Montenegro, não há atualmente uma alternativa ao Executivo de António Costa, a mensagem é clara: o antigo líder parlamentar rema para o mesmo lado de Rangel.

ZAP //

2 Comments

  1. Segundo o Observador o Passismo e o Cavaquismo são sagrados como um mantra neoliberal, por isso não conta. Eles até podiam ter dito “Vota PS” que o Observador diria que fizeram um brilharete.

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