Enquanto algumas autarquias têm já em vista a transferência da administração de doses da vacina contra a covid-19 para os centros de saúde — uma realidade já confirmada pelo vice-almirante Gouveia e Melo —, outras continuam sem diretrizes que lhes permitam perceber qual os próximos passos.
Depois do vice-almirante Gouveia e Melo ter confirmado ontem a manchete do jornal Público que dava conta dos planos de algumas autarquias de desativarem os centros de vacinação já no próximo mês de setembro — quando está previsto que Portugal atinja a meta dos 85% de população vacinada —, outras há que ainda não começaram a preparar tal processo, por ainda não terem recebido indicações nesse sentido.
Em alguns casos, os centros de vacinação funcionam mesmo em espaços cedidos por outras entidades que também ainda não receberam diretrizes. É o caso da Comunidade Hindu em Portugal, que disponibilizou o seu Templo Hindu em Lisboa para o efeito. Ao Observador, Kiritkumar Bachu, presidente da Comunidade, afirmou que não recebeu qualquer informação neste sentido, nem mesmo quando, numa fase inicial, foi feita a disponibilização do espaço — com os rituais religiosos a acontecerem e a serem programados para fora do templo, no que respeita às celebrações futuras.
Aires Henrique Pereira, presidente da câmara da Póvoa de Varzim também garantiu à mesma fonte que não recebeu qualquer contacto que indicasse uma data para a desmobilização do centro de vacinação a cargo da autarquia e transferência do processo para o centro de saúde — com o autarca a afirmar a disponibilidade para manter a atual infraestrutura caso as autoridades de saúde confirmem a intenção de administrar terceiras doses da vacina contra a Covid-19 à população mais fragilizada.
O cenário repete-se em Tomar, onde o pavilhão que serve as escolas durante o dia e os clubes e associações locais durante a noite foi transformado num centro de vacinação, com a autarca Anabela Freitas a afirmar que também não recebeu qualquer indicação das autoridades que pudesse indiciar a desativação do centro de vacinação e transferência do processo para os centros de saúde.
Álvaro Azedo, presidente da câmara de Moura, responsável pelo centro de vacinação no concelho, revelou também ao Observador que “não tem qualquer vislumbre” do fim da estrutura, já que não recebeu qualquer contacto neste sentido, quer proveniente das autoridades de saúde ou do próprio Governo.
Em visita ao centro de vacinação de São João da Madeira, o vice-almirante Gouveia e Melo não se quis comprometer com datas para o encerramento dos centros de vacinação, mas admitiu que perante o cenário de administração de doses de reforço, a decisão natural seria que fossem os centros de saúde a administrá-las.
“Estaremos a falar de 100.000 pessoas [para a eventual terceira toma] e não há necessidade de ter toda esta capacidade [de estruturas municipais] para vacinar 100.000 pessoas. Isso pode perfeitamente ser feito nos centros de saúde, com a vacinação da gripe e outras coisas”, defendeu.