Maioria das autarquias prevê o encerramento das infraestruturas a partir da terceira semana de setembro, quando está previsto que os jovens sejam inoculados com as segundas doses. Simultaneamente, aguardam novas diretrizes das Administrações Regionais de Saúde.
Com Portugal a caminhar a passos largos para atingir o patamar de 85% da população vacinada a partir da terceira semana de setembro, prepara-se já a próxima fase da luta contra a pandemia de covid-19, nomeadamente no que à vacinação diz respeito.
Como tal, algumas autarquias já começam a preparar a desmobilização de alguns centros de vacinação, estruturas que ao longo dos últimos meses foram essenciais para inocular um número tão substancial de portugueses.
Em Gondomar, que teve no pavilhão Multiusos o primeiro centro de vacinação de grande escala a abrir em Portugal, o presidente da autarquia avançou ao jornal Público que a desmobilização do espaço “está já a ser preparada“.
Segundo Marco Martins, a não ser que seja dada indicação para uma terceira dose, a vacinação deve seguir para os centros de saúde no final de setembro, se nessa altura a vasta maioria da população elegível já estiver efetiva e completamente vacinada — tal como se prevê.
No caso deste centro, a fatura diária do seu funcionamento cifra-se nos 12 mil euros, com 50 funcionários da Câmara alocados às tarefas ali realizadas. À exceção de médicos e enfermeiros, que trabalham nos centros de saúde do município”, tudo o resto — “limpeza, logística, proteção civil, polícia municipal” — fica a cargo da autarquia.
“Não é nada do que nos arrependamos, a prioridade política é a vacinação“, disse ao jornal Marco Martins que confirmou ainda que face ao ritmo de vacinação mais acelerado registado em Gondomar, em comparação com o resto do país, serão os centros de saúde — existem 14 no concelho — a assegurar a vacinação de quem deseje ser vacinado e ainda não o tenha sido.
Em Almada, o assunto vai ser discutido esta quarta-feira numa reunião que juntará a autarquia e o Agrupamento de Centros de Saúde de Almada-Seixal, com uma decisão sobre a data em que a vacinação será transferida para o centro de vacinação a ser esperada para esse dia.
Em Matosinhos, onde o centro de vacinação tem o seu funcionamento assegurado pela Unidade Local de Saúde de Matosinhos (USLM), o espaço deverá manter-se aberto até ao terceiro fim-de-semana de setembro, altura em que se prevê que os jovens sejam vacinados com a segunda dose. “Até lá, o centro de vacinação vai funcionar em regime ‘casa aberta‘, à semelhança do resto do país.”
Posteriormente, as vacinas contra a covid-19 deverão ficar, “em princípio”, disponíveis nos centros de saúde da USLM, cerca de 16. “Se for o caso, haverá um dia dedicado para isso, de forma a rentabilizar as ampolas, que serão fornecidas de acordo com agendamento prévio”.
Tal como aponta o mesmo jornal, perante a ausência de indicações claras das Administrações Regionais de Saúde — que parecem não ter fixado datas concretas —, a Administração Regional de Saúde do Norte, por exemplo, esclareceu que a prioridade será, por enquanto, continuar a vacinar, atirando para o futuro novas diretrizes sobre o encerramento dos centros.
Lisboa está precisamente à espera de indicações da Administração Regional de Saúde e Vale do Tejo (ARSLVT) para perceber quais os próximos passos, mas perante a inexistência de respostas garante que “os centros de vacinação continuarão a funcionar como até agora”, adiantou fonte do gabinete de Fernando Medina ao Público.
No que respeita a verbas gastas, a autarquia situa-as em mais de três milhões de euros, de forma a garantir o funcionamento das estruturas e diz-se disponível para aguentar o esforço “enquanto for necessário”.
Em Cascais, a autarquia cedeu dois espaços para a administração de vacinas aos habitantes do concelho, um em São Domingos de Rana e o outro em Alcabideche, com o primeiro encerrado atualmente.
“O de São Domingos de Rana está suspenso”, afirmou o autarca, que sublinhou ao mesmo jornal a disponibilidade para o reativar no início do mês de setembro caso se verifique um pico de administrações de segundas doses, tal como está previsto.
Neste município também se procedeu à contratação de enfermeiros para reforçar os meios que já existiam do Serviço Nacional de Saúde, o que equivale a uma fatura de 120 mil euros por mês.
Apenas me ocorre perguntar se, no caso de ser achado necessária uma terceira dose, como vai ser a calendarização e quem irá coordenar bem como os locais previstos para a sua administração.