As escavações arqueológicas realizadas nos vestígios da antiga cidade romana de Balsa, em Tavira, confirmaram a existência de edificações e de uma via com orientação este-oeste.
A definição de onde acaba e começa a cidade romana do século I é o grande objetivo do projeto de investigação de três anos iniciado este verão.
João Pedro Bernardes, investigador da UAlg, fez um balanço positivo do trabalho desenvolvido no primeiro ano do projeto de investigação, que permitiu descobrir “os limites de duas edificações e a via que existia entre ambas, com direção este-oeste”.
Durante um dia aberto na escavação, o arqueólogo mostrou-se satisfeito com os resultados alcançados, porque foram descobertas estruturas, que “confirmaram o que já se tinha identificado com as sondagens geofísicas” e os trabalhos de prospeção feitos em 2017.
“A cidade teve um período áureo entre o século I e século II, marcado por grandes construções e edifícios, e depois temos uma fase mais de decadência da cidade, que se regista a partir do século III e que vai até ao século VII, e que reaproveita os materiais da fase mais antiga”, afirmou o investigador da UAlg.
“É isso que estamos aqui a constatar e que é provado também por materiais que nos chegam aqui de todo o mediterrâneo”, acrescenta João Pedro Bernardes — entre esses materiais estão “cerâmicas finas“.
Os arqueólogos encontraram ainda um fragmento de uma peça “com a marca do oleiro” e que se sabe que foi “importada da atual França, da antiga Gália”, referiu o investigador.
Foi também possível, numa outra escavação mais acima no terreno, perceber os danos que a exploração agrícola na zona ao longo de anos e a utilização de máquinas provocou nos vestígios que estavam enterrados, “porque são visíveis as marcas das máquinas na pedra” que estava na base do terreno, explicou o arqueólogo.
Sobre o que fica para fazer nos próximos dois anos, a mesma fonte respondeu que falta o grande objetivo, que é o de “determinar a extensão da cidade“.
“E para isso precisaremos provavelmente de entrar em negociações com vários proprietários, porque pensamos que a cidade se prolonga para outras propriedades“, disse o investigador, referindo-se à zona a nascente da atual localização.
A autarquia de Tavira, através da vice-presidente, Ana Paula Martins, salientou ainda a importância de haver transparência em toda a informação disponível sobre Balsa, para que “se saiba exatamente o que lá está” e “libertar as zonas onde não há vestígios”, com a definição de uma nova Zona Especial de Proteção (ZEP).
Balsa situa-se na freguesia de Luz de Tavira, na zona da Torre D’Aires, numa área protegida localizada junto à ria Formosa, e está já abrangida por uma ZEP.
As escavações arqueológicas estão a ser conduzidas pela Universidade do Algarve (UAlg) e o Centro de Ciência Viva de Tavira, com o apoio da Direção Regional de Cultura e a Câmara de Tavira, em terrenos privados da Quinta da Torre D’Aires, na freguesia de Luz de Tavira.