Governo prometeu um aumento de 400 mil para 500 mil euros do apoio anual às indústrias grandes consumidoras de gás.
As consequências da atual crise energética promete prolongar-se durante mais alguns meses, sendo o período de inverno o mais temido. No horizonte, vislumbra-se um programa do Governo com um aumento de 400 mil para 500 mil euros do apoio anual às indústrias grandes consumidoras de gás. No entanto, as associações alegam que este valor não chegará para pagar um mês de fatura em centenas de empresas. Como tal, reclamam pelo menos dois milhões de euros em apoios.
Anteriormente, o Governo prometeu para setembro o anúncio de novas medidas, com a expectativa, entre as empresas, de que estas ultrapassem a cobertura, a fundo perdido, de 30% da diferença entre os custos em 2021 e em 2022, até 500 mil euros, no âmbito do “Programa Apoiar as Indústrias Intensivas em Gás”, escreve o Jornal de Notícias.
Ainda assim, a Associação das Indústrias do Vidro de Embalagem (AIVE) considera o valor proposto “completamente desajustado“, uma vez que resultaria num apoio global de dois milhões de euros para as quatro empresas do setor. “Nos últimos meses, o setor vou a sua margem bruta reduzida em mais de 45%”, com o gás a representar “mais de 60% do custo industrial“.
Já o presidente da Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e Cristalaria (APICER), José Sequeira, solicita “medidas de emergência” para uma situação que considera ser “extremamente delicada”. De acordo com a mesma fonte, cerca de 170 empresas (entre as mil do setor) grandes consumidoras (total de 230 milhões de metros cúbicos – 21,5% do total da indústria transformadora) não têm alternativa para os fornos.
“Em muitas empresas, as faturas passaram de 500 mil para 2,5 milhões de euros por mês. E o diferencial vai aumentar cada vez mais.” Neste momento, os custos com gás já representam 25% dos encargos. Caso aumentem cinco vezes, passam para 83%. Estes números levam Vítor Neves, presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal a afirmar que “não há memória de aumentos desta dimensão” e que muitas empresas “terão sérias dificuldades em sobreviver“.
César Araújo, presidente da Associação das Indústrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC) ainda em declarações ao JN, não tem dúvidas de que o “Governo tem de ser mais arrojado“, alertando para o facto de os preços das próximas coleções se agravarem pelo menos 10%.