Nos últimos tempos, grandes empresas como a TAP, O BCP ou a Altice têm vindo a fazer ajustes nos quadros do pessoal. Contudo, a travagem no desconfinamento e a retirada dos apoios do Estado podem levar a que a tendência se estenda a outras empresas de menor dimensão.
Entre janeiro e maio de 2021, 178 empresas comunicaram à Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT) que iriam avançar com o despedimento coletivo de 2288 trabalhadores.
Estes valores representam um recuo de 43% face aos 313 despedimentos que tinham sido comunicados nos primeiros cinco meses de 2020 e uma diminuição de 19% quanto ao número de pessoas afetadas, não incluindo ainda os processos anunciados pelas grandes empresas.
A evolução da segunda metade do ano é para as confederações patronais uma incógnita. Contudo, Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, receia que o sector possa perder milhares de postos de trabalho no conjunto do ano.
Também no comércio e serviços, as empresas vivem também num ambiente de incerteza, mas para já João Vieira Lopes, presidente da confederação que representa o sector, diz que não há situações de despedimentos coletivos significativos a assinalar.
O sector automóvel e o comércio não alimentar são as áreas mais pressionadas, enquanto nas limpezas, as empresas têm optado por reduzir os horários de trabalho, ajustando-se ao facto de os escritórios estarem fechados ou em teletrabalho.
Para já, nota, o ajustamento tem sido feito com recurso a despedimento individual ou por acordo, acrescentando que a recuperação “vai depender muito das medidas de contenção à mobilidade” que o Governo vier a definir nos próximos tempos.
Andrea Araújo, da comissão executiva da CGTP, destaca que na primeira metade de 2021 foram elas as protagonistas dos anúncios dos despedimentos coletivos, dando como exemplo o sector da aviação, que tem arrastado consigo outras empresas na área da limpeza ou da vigilância dos aeroportos, a banca ou as telecomunicações.
Por sua vez, Sérgio Monte, dirigente da UGT, destaca o papel importante de medidas como o layoff ou o apoio à retoma na proteção do emprego. Porém, “é preciso preparar o amanhã e o amanhã é o fim dos apoios ao emprego”.