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Empreendedores trocam crise pela cidade

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Uma cozinha com sabores do mundo, um grupo de arquitetos que apresenta casas para reabilitar e uma revista de intervenção de parede são alguns projetos lisboetas criados por empreendedores que trocaram a crise pela coragem de criar iniciativas comunitárias.

Sob o lema “Troca-se crise por cidade”, o projeto We Traders, ou “Nós, os trocadores”, dinamizado pelo Goethe Institute, chegou a Lisboa para conhecer ações realizadas por quem arriscou numa altura de crise económica.

O We Traders já passou por cidades como Madrid (Espanha), Berlim (Alemanha) e Turim (Itália). Depois de Lisboa, será a vez de Toulouse (França).

Em cada uma destas localidades, foram selecionados cinco projetos inovadores, à exceção de Berlim, onde só foram escolhidos quatro.

Em Lisboa, a escolha coube à alemã Julia Albani, que vive na cidade desde 2009, conhece bem estas iniciativas e é a representante do “We Traders” no país.

Um dos projetos escolhidos foi a “Cozinha Popular da Mouraria“, que se define como um espaço onde é possível experimentar comida de outros países e reunir a família. Está instalada no Martim Moniz.

Com a “Agulha num palheiro“, os criadores quiserem mostrar que, “apesar de dizerem que não há trabalho para os arquitetos, ele existe, porque há muitos prédios devolutos e degradados” na cidade, defendeu Julia Albani.

Trata-se, na prática, de um banco de casas para reabilitar em Lisboa.

Já através de “O Espelho“, uma revista de parede que apela à intervenção dos cidadãos, Julia viu uma forma de “fazer com que as pessoas reajam”, argumentou.

Por seu turno, a iniciativa “A Linha” incide sobre “a arquitetura portuguesa que vive em Lisboa”, mais propriamente em Alfama, onde foi criado um mapa do bairro em que cada linha representa um diferente percurso: as ofertas variam entre o comércio (linha azul), os jogos (linha amarela), os jardins e as hortas (linha verde) e a cultura (linha vermelha), explicou Julia.

Todos estes projetos têm em comum o facto de terem sido criados em 2012 ao abrigo do programa BIP/ZIP da Câmara de Lisboa para Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária. Este é, aliás, um dos programas selecionados.

Segundo Julia, os BIP/ZIP têm “muito sucesso” pelas cidades por onde o “We Traders” passa. “As outras câmaras querem aprender com Lisboa, para convidar os cidadãos a colaborar para melhorar a qualidade de vida na cidade”, disse.

Estes “trocadores” estão a “mudar a vida dentro da cidade”, concluiu a representante, referindo que, ainda que se trate de iniciativas efémeras, contam com a colaboração da comunidade.

Os projetos vão estar em exibição, entre 03 de outubro e 02 de novembro, na LX Factory, em Lisboa.

O objetivo é mostrar, através de vídeos e fotografias, a diferença na comunidade entre o antes e depois da implementação do projeto.

De acordo com Karina Mueller, da organização, estão ainda a surgir novos percursos turísticos para ver “como moram os portugueses” nos bairros históricos da cidade.

Este foi, inclusive, um dos projetos proposto ao instituto através do concurso realizado em Lisboa, entre 25 de julho e 25 de setembro.

Cabe agora aos cidadãos votar até segunda-feira, através do site do “We Traders”, na iniciativa que querem ver na exposição.

O projeto “We Traders” surgiu em 2012, no âmbito de uma outra iniciativa mais abrangente criada pelo governo alemão e intitulada “Weltstadt” (“Cidade do Mundo”).

/Lusa

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