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Emirado de Sharjah paga digitalização de 30 mil livros antigos da Biblioteca Joanina

A Universidade de Coimbra vai digitalizar 30 mil livros antigos da Biblioteca Joanina num projecto inédito que é financiado pelo Emirado de Sharjah que integra os Emirados Árabes Unidos.

O financiamento é de oito milhões de euros e nesta quarta-feira, assina-se o protocolo de colaboração entre a Autoridade Literária de Sharjah e a Universidade de Coimbra (UC).

A Biblioteca Joanina que se situa no Paço das Escolas da UC, no pátio da Faculdade de Direito, data do século XVIII e é considerada uma das mais ricas bibliotecas europeias, sendo um expoente máximo do Barroco português.

30 mil livros antigos online com acesso gratuito

A digitalização de 30 mil livros antigos do acervo da Biblioteca Joanina vai permitir a pessoas de todo o mundo a sua consulta online, em acesso livre e gratuito.

O projecto é inédito e as digitalizações devem começar em Março próximo, focando-se. numa primeira fase, nos livros directamente relacionados com a região do Golfo Pérsico, conforme apurou o Público junto dos promotores da iniciativa.

A digitalização deverá ficar concluída dentro de seis anos e permitirá o acesso, nomeadamente, a obras publicadas entre os séculos XVI e XVIII, incluindo algumas primeiras edições de importantes obras científicas europeias, como o “De Humani Corporis Fabrica” (1543) de Andreas Vesalius, ou a “Astronomia Nova” (1609) de Johannes Kepler.

O processo de digitalização em si será feito por serviços externos à UC. Mas “a estrutura que vai suportar todas as imagens, ficheiros e metadados será concebida internamente com o apoio da UC Framework“, uma empresa tecnológica associada à universidade, como conta ao Público o director da Biblioteca Geral da UC, Manuel Portela.

A ideia foi do xeique de Sharjah

A ideia de disponibilizar os livros a todo o mundo partiu do xeique que governa o emirado de Sharjah desde 1972, como relata ao Público o vice-reitor da UC, Delfim Leão.

“Quando a Universidade lhe atribuiu o doutoramento honoris causa em 2018, o xeique ficou muito impressionado com a Biblioteca Joanina e mostrou logo vontade de apoiar um projecto deste tipo”, salienta Delfim Leão.

A ideia começou, então, a ganhar forma e, após “aproximações sucessivas”, concretiza-se, finalmente, nesta quarta-feira.

Sharjah é um emirado com cerca de 1,5 milhões de habitantes e tem um interesse reconhecido por literatura e artes.

Graças a esse interesse, qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, poderá ter acesso aos 30 mil livros da Biblioteca Joanina online.

Assim, vai ser possível analisar “um conjunto muito grande de representações de um período crucial da história da expansão e da colonização europeia de diferentes partes do mundo”, destaca Manuel Portela ao Público, evidenciando a mais-valia para investigadores.

Na primeira quinzena de Novembro, a UC espera apresentar uma “plataforma experimental” para a divulgação das obras online na próxima Feira do Livro de Sharjah, como adianta o mesmo jornal.

“Não será o produto final, mas queremos ter uma plataforma com os sistemas de armazenamento, os modos de pesquisa e todas as diferentes valências numa fase suficientemente madura para a podermos testar com utilizadores reais“, explica Delfim Leão no Público.

ZAP //

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