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“Incidente preocupante”. Embaixador português na Venezuela impedido de visitar comunidade lusa

António Cotrim / Lusa

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva

“É um incidente preocupante”. É desta forma que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, se insurge contra o facto de o embaixador de Portugal na Venezuela ter sido barrado por militares quando tentava visitar a comunidade lusa de Guárico, a 206 quilómetros de Caracas.

Militares venezuelanos exigiram uma autorização especial ao embaixador de Portugal na Venezuela, Carlos de Sousa Amaro, para visitar a comunidade lusa de Guárico, estado situado a sudoeste de Caracas.

Segundo o canal de televisão venezuelano VPITV, o embaixador foi barrado quando chegou “à entrada de San Juan de Los Morros”, naquele estado, por funcionários da Guarda Nacional Bolivariana.

A situação já mereceu críticas do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, que nota, em declarações à Lusa, que “a convenção que regula a as relações diplomáticas é clara”.

“Qualquer membro da missão diplomática acreditada num país tem liberdade de circulação nesse país para realizar o seu trabalho, a não ser que haja situações de segurança nacional que imponham alguma limitação, o que manifestamente não parece ser o caso”, sublinhou.

Venezuela já deu explicações ao Embaixador

O ministro fala de um “incidente preocupante”, mas refere que “foram imediatamente dadas explicações ao mais alto nível”, pelo governo venezuelano, a Carlos de Sousa Amaro.

“O ministro das Relações Exteriores da Venezuela contactou, depois do incidente, o embaixador português em Caracas, dando explicações de que se tratou de um equívoco e não havia nenhuma intenção de limitar os seus movimentos”, indica Santos Silva.

Falando desde Roma (Itália), onde participa, em representação do Estado português, no funeral do presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, Santos Silva adianta que terá de “analisar com cuidado o que se passou e verificar se há algum procedimento adicional que seja necessário fazer”.

“Só quando aterrei [em Roma] percebi o que se tinha passado. Tenho de fazer uma avaliação sistemática do que se passou e das motivações e das consequências”, anota também.

A VPITV explica, no seu site, que “o diplomata viajava acompanhado pelo deputado da Assembleia Nacional [Parlamento], [o luso-venezuelano] Octávio Orta, tendo em vista uma reunião planeada com quatro presidentes de Câmaras Municipais daquele Estado, para trabalhar num programa de assistência social para os idosos”.

“No entanto, foi-lhes negado o acesso”, segundo a estação venezuelana que avança que os militares indicaram que o diplomata necessitava “de uma autorização especial ou convite” para poder visitar Guárico.

Contactado telefonicamente pela Agência Lusa, Carlos de Sousa Amaro limitou-se a confirmar que estava de regresso a Caracas. “Estou bem, ninguém me insultou“, disse o diplomata que se negou a comentar o que aconteceu.

ZAP // Lusa

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