O festival de cinema de Tribeca assinalou da melhor forma o 45.º aniversário de O Padrinho, ao reunir todo o elenco para a visualização do filme de 1972 e a respectiva sequela.
Presentes estiveram o realizador Francis Ford Coppola, bem como os atores Al Pacino, Diane Keaton, Robert Duvall, James Caan, Talia Shire e, claro, Robert DeNiro (co-fundador do festival).
Foi na passada noite de 29 de Abril que o célebre Radio City Music Hall acolheu aquele que é um dos melhores elencos jamais reunidos para um filme. A noite iniciou-se com a visualização de O Padrinho e O Padrinho- Parte II, seguindo-se um debate com o elenco e realizador da obra adaptada do livro de Mario Puzo.
As histórias abordadas pelos atores foram transversais à sua experiência e incluíram memórias dos bastidores e problemas de produção da trilogia, nomeadamente a relutância dos estúdios em aceitarem a escolha de Pacino como protagonista do filme: “O estúdio não me queria mesmo depois de me contratarem.”
Pacino estava longe do estatuto que o caracteriza atualmente, tendo na altura apenas alguns filmes no seu currículo. Também Diane Keaton recordou o nervosismo sentido, fruto da inexperiência no cinema, o que contribuiu para a sua relação com Pacino.
Inevitáveis foram as referências a Marlon Brando, falecido em 2004 e presente em palco sob a forma de uma imagem emoldurada do patriarca da família, Vito Corleone.
Brando, que já era uma estrela à data de estreia do filme, veio a conquistar o seu segundo Oscar graças ao filme. No entanto, a sua participação também foi inicialmente contestada pelos estúdios, situação recordada por Coppola: “O presidente da Paramount disse-me que o Brando não ia aparecer e proibiu-me de mencionar o seu nome”.
Brando foi tema recorrente ao longo da noite, com Robert Duvall a relembrar as partidas feitas pelo primeiro durante as filmagens, assim como a sua relação humorística com James Caan.
Robert DeNiro foi o elemento menos interventivo, enaltecendo a honra em desempenhar o papel do jovem Vito Corleone na sequela: “vi a interpretação do Brando muitas vezes, de forma quase científica.”
No final, Coppola foi peremptório ao afirmar que dificilmente o filme seria feito atualmente: “nada que não seja um filme da Marvel tem luz verde.”