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“Elementos estranhos” nas parcerias para teste de inglês de Cambridge vão ser investigados

Depois de uma queixa à Procuradoria-Geral da República, a Fenprof quer a Polícia Judiciária a investigar a parceria entre o Estado e empresas para a realização do teste de inglês de Cambridge.

O semanário Sol descreve que a Fenprof aponta elementos estranhos na parceria entre o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) e várias empresas para a realização do exame certificado pela Universidade de Cambridge.

Depois de ter pedido à Procuradoria-geral da República para investigar a parceria, o sindicato de professores entregou esta sexta-feira à PJ um dossiê com “elementos adicionais ao processo, que são considerados estranhos”.

Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, refere ao semanário que os emails recebidos pelos docentes com publicidade a livros, os certificados das provas emitidos no ano passado e as convocatórias para os professores participarem em ações de formação levantaram suspeitas.

O Preliminary English Test (PET) está a ser realizado em duas fases por mais de 110 mil alunos do ensino público e privado – 104 mil dos quais são do 9º ano, para quem o teste é obrigatório. A parte escrita será realizada esta quarta-feira, enquanto a componente oral já está a ser feita e terminará a 22 de maio.

A Fenprof coloca ainda um conjunto de questões: “O que faz cada um dos parceiros neste consórcio? Se os professores são funcionários do Estado, por que têm de prestar serviço a uma entidade privada?”, refere o representante, referindo-se nomeadamente à correção das provas.

Os sindicatos criticam também o facto de alguns alunos estarem a ficar sem aulas porque os professores têm de faltar para formações ou para irem fazer provas orais a outras escolas.

O Ministério da Educação e Ciência (MEC) sublinha a importância de uma certificação feita pela Universidade de Cambridge, reconhecida internacionalmente, e garante que a realização do teste não traz encargos para o Estado, refere o Sol.

Contudo, a Fenprof afirma que o PET implica o pagamento da formação dos classificadores, os custos das deslocações dos docentes para estas formações e para o local da realização das provas, apesar do IAVE garantir que estes custos já estão inseridos no orçamento inicial.

O IAVE não especifica o montante avançado pelo Governo, mas diz que este servirá para pagar a “disponibilização do teste e dos programas de formação destinados aos classificadores” – um investimento do qual o IAVE será depois ressarcido na altura em que os alunos começarem a pagar os certificados das provas. A obtenção destes certificados (25 euros cada) é, porém, facultativa.

A Connexall, uma das empresas que integram a parceria, refere que “o protocolo não teve qualquer custo para a empresa”, enquanto a Porto Editora afirma que aderiu ao projeto no âmbito da “responsabilidade social”.

ZAP

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