Economia portuguesa desacelerou com a Jornada Mundial da Juventude

Inácio Rosa / Lusa

Papa Francisco no Parque Tejo, na missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude – JMJ 2023, em Lisboa

Os dados do Banco de Portugal mostram que houve uma quebra na atividade económica entre 11 de julho e 5 de agosto. A hotelaria e o comércio de roupas foram dois dos setores mais afetados.

A recente passagem do Papa Francisco por Portugal, a propósito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), teve um efeito misto na economia portuguesa, de acordo com dados divulgados pelo Banco de Portugal.

A presença dos jovens peregrinos resultou em grandes alterações nos padrões de consumo habituais. Por um lado, estabelecimentos como supermercados e geladarias na baixa de Lisboa notaram um fluxo extraordinário de clientes, com grandes filas a formarem-se à porta.

No entanto, setores como a hotelaria, a restauração de luxo e o comércio de vestuário e calçado sentiram uma retração notável, com os turistas “normais” e os próprios lisboetas a fugir à confusão na capital, explica o Dinheiro Vivo.

O consumo dos jovens peregrinos não passou tanto por refeições em restaurantes mais caros, viagens de TVDE, saídas à noite ou pelo consumo de álcool. Esta tendência é corroborada pelos dados do Banco de Portugal, que mostraram uma queda na atividade económica associada ao turismo entre 11 de julho e 5 de agosto.

“A semana da jornada não foi, na generalidade, boa. Houve quebras nalgumas lojas, sobretudo em setores que não têm a ver com o alimentar, e quebras significativas. E no setor alimentar correu muito bem a quem tinha contratos com a organização da JMJ. Aí houve muito sucesso e foi acima do esperado”, explica à Lusa Vasco Melo, vice-presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP), que realça que “os peregrinos não vinham na predisposição de consumirem”.

Otávio Mestre, presidente da Associação de Comerciantes de Sacavém, reforça que “sentiu-se muito a falta dos moradores e dos clientes habituais, que preferiram sair da cidade”. “O negócio não melhorou, antes pelo contrário. A ideia que nós temos, até porque já falámos com um número razoável de comerciantes, foi que houve um ou outro que teve o mesmo volume de negócio igual a períodos idênticos, mas a maior parte acha que teve uma faturação inferior”, acrescenta.

No entanto, esta quebra não preocupa Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara de Lisboa, que defende que o retorno do investimento será sentido pelos benefícios a longo prazo, incluindo a visibilidade mundial e as infraestruturas permanentes. Correia estima que o custo líquido da JMJ para a cidade foi de apenas 10 milhões de euros, considerando os 25 milhões de euros em investimentos duradouros.

ZAP //

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