Eclipse parcial do Sol vai ser visível em Portugal durante a manhã. Queda forte da produção de energia origina “desafios”.
Os portugueses vão poder assistir a um eclipse parcial do Sol na manhã deste sábado, 29 de março. A Lua vai tapar cerca de 30% do Sol.
O fenómeno será visto no Hemisfério Norte, por isso também será possível vê-lo em todo o território de Portugal; o melhor sítio para observação será nos Açores.
O eclipse deverá decorrer entre as 9h30 e as 9h45, atingindo o seu máximo pelas 10h40. Deve acabar perto das 11h30, durando assim cerca de duas horas.
José Augusto Matos, do departamento de física da Universidade de Aveiro, lembra que é melhor usar “equipamento adequado”, como “um vidro escuro” ou “uns óculos especiais para ver eclipses”.
Na rádio Renascença, o especialista comenta que o eclipse também pode ser visto a olho nu, mas é preciso “ter muito cuidado com a observação solar porque o sol é muito brilhante e pode facilmente provocar danos nos olhos”.
Efeitos na produção de energia
O eclipse solar parcial vai provocar uma redução de 23% da produção do Sistema Elétrico Nacional prevista para aquele horário, avançou esta sexta-feira a REN — Redes Energéticas Nacionais.
“O fenómeno provocará uma perda de geração estimada de 560 MW [megawatts], o que representa cerca de 8,5% do consumo e 23% da produção do Sistema Elétrico Nacional previsto para este horário”, apontou a REN, em comunicado.
A empresa adiantou que tem estado, em colaboração com os restantes operadores de redes de transporte do setor elétrico europeus, a preparar o Sistema Elétrico Nacional (SEN) para os efeitos do eclipse que vai ocorrer no sábado.
Durante o eclipse, a REN estima uma perda de 10 MW por minuto e uma recuperação à taxa de 22 MW por minuto, “o que causará desafios operacionais relacionados com o equilíbrio entre geração e o consumo no SEN e com controlo do desvio na interligação com Espanha”.
Assim, explicou, vai ser necessário alocar reservas adicionais com geração hídrica e/ou térmica.
Estes valores estimados não consideram a produção solar associada a algumas unidades de produção para autoconsumo, que também vão ter um efeito no aumento do consumo, sublinhou a REN.
“Este efeito está também a ser estimado pela REN e devidamente previsto nas previsões de consumo para esse dia, de modo a reduzir e mitigar, em tempo real, os efeitos inesperados”, garantiu.
Entre os “efeitos inesperados” estão apagões ou perturbações no fornecimento. O Observador lembra que, para evitar isso, a rede elétrica precisa de entregar a cada momento exatamente a mesma energia que está a ser consumida.
A REN tem noção de que surgirão momentos em que a produção de energia solar vai cair rapidamente, mas logo a seguir haverá uma rápida recuperação da energia enviada para a rede.
ZAP // Lusa