“É inevitável levantar moratórias em setembro”, diz Caldeira Cabral

Miguel A. Lopes / Lusa

Manuel Caldeira Cabral, ex-ministro da Economia

O ex-ministro da Economia disse que “é inevitável levantar moratórias em setembro”, defendendo por isso que “têm de ser criados instrumentos de transição”.

É quase inevitável que as moratórias sejam levantadas em setembro, por isso devem criar-se instrumentos, não só dentro dos bancos, de renegociação e transição das empresas que estão a sair de moratórias”, disse Manuel Caldeira Cabral numa entrevista ao Diário de Notícias, dando como exemplo a possibilidade de “começarem a pagar só juros ou pagar os juros e uma parte do valor”.

O ex-ministro da Economia acrescentou que também devem “criar-se instrumentos ao nível do Banco de Fomento e de fundos comunitários, de capital e de crédito mais alargado, que permitam às empresas, que estão a sair ainda numa fase incipiente da retoma, ter financiamento ou entradas de capital para um período relativamente amplo – cinco, seis anos, em alguns casos até aos 12 -, que lhes permita sobreviver numa situação em que as coisas se estão a equilibrar, para que dentro de dois ou três anos estejam completamente normalizadas”.

O agora administrador da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões considerou que estes “instrumentos que fazem a ponte vão ser necessários” e alertou que as empresas que não consigam sair sozinhas das moratórias não podem ser “deixadas à sua sorte”.

“Penso que os bancos não o devem começar a fazer em setembro, devem começar já em maio, junho, julho, olhando para a situação das empresas, para o mercado, caso a caso, e dando condições diferentes ou aconselhando a empresa a ter acesso a outros instrumentos financeiros. É importante criar esses instrumentos, com escala grande e com um nível de apoio que se estenda por prazos suficientemente longos, e não apenas por crédito, mas que tenha uma componente muito importante de capital”, afirmou ao DN.

Na semana passada, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, também afirmou que a probabilidade de se estender as moratórias bancárias é “reduzida”, embora não queira já fechar a porta a essa possibilidade.

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