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Os drones estão cada vez mais parecidos com os mosquitos (pelo menos, a detetar obstáculos)

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Uma equipa de investigadores inspirou-se na capacidade de um mosquito de voar e pousar no escuro para desenvolver um novo sistema sensorial para evitar colisões, que foi testado num drone quadricóptero.

Liderados por Richard Bomphrey, cientistas do Royal Veterinary College (RVC), em Londres, analisaram ao detalhe o mecanismo sensorial do mosquito Culex quinquefasciatus e encontraram uma forma de imitar a capacidade do inseto de usar o fluxo de ar para detetar (e evitar) obstáculos.

Mesmo em plena escuridão, os mosquitos são capazes de pousar muito levemente. Esta façanha deve-se à deteção mecânica, uma resposta a estímulos mecânicos que permite a estes insetos sentir os obstáculos sem os ver. Ao contrário dos morcegos, que navegam graças a um sistema de sonar biológico, os mosquitos usam uma combinação de asas, antenas e fluxo de ar.

Estes insetos voam batendo as suas asas alongadas muito rapidamente, produzindo jatos de ar que fornecem sustentação. Se estes jatos encontrarem um obstáculo, os padrões de fluxo de ar mudam de forma e podem ser detetados por uma variedade de recetores na base das antenas do mosquito, chamada órgão de Johnston.

Desta forma, o mosquito é capaz de construir uma imagem do ambiente à sua volta através de “imagens aerodinâmicas”, permitindo mapear o solo e outros obstáculos.

Depois de analisarem o voo do mosquito através de simulações de dinâmica, os cientistas chegaram à conclusão que o órgão de Johnston está idealmente localizado para medir as mudanças no padrão: como se situa nas antenas, este conjunto de recetores deteta mudanças de fluxo de ar com muita facilidade em baixa altitude, com a resposta a diminuir em altitudes mais altas.

Os investigadores descobriram que as maiores diferenças nos padrões de fluxo de ar ocorrem acima da cabeça, o que significa que as antenas dos insetos estão idealmente posicionadas para sentir estas mudanças, apesar de estarem mais afastadas do solo.

A equipa usou as suas descobertas para desenvolver um drone quadricóptero em miniatura, ajustando-o a um dispositivo sensor de inspiração biológica. O dispositivo consistia numa série de tubos de sonda conectados a sensores de pressão diferencial.

Depois, medindo as velocidades do fluxo de ar ao redor do quadricóptero, os cientistas identificaram o local ideal para colocar as sondas de modo a obter a máxima sensibilidade.

Segundo o New Atlas, o quadricóptero conseguiu detetar superfícies a uma distância suficiente para evitar o solo ou as paredes, com pouco ou nenhum processamento de dados. O novo sistema é ainda considerado leve, eficiente em termos de energia e escalável.

Os investigadores consideram que esta capacidade de deteção de superfície pode ser ampliada para helicópteros, tornando-os mais seguros ao voar em condições traiçoeiras e de baixa visibilidade. O artigo científico com os resultados foi publicado na Science.

ZAP //

2 Comments

  1. Até faz o mesmo som que uma melga 🙂
    As autoridades vão querer algo mais silencioso para poder melhor espiar a população enquanto dorme

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