O FC Porto atacou o Governo, acusando-o de mentir em relação às “bolhas” anunciadas.
Na sexta-feira, na gala do jornal O Gaiense, Pinto da Costa já tinha referido que a “única satisfação que tenho” em relação à Liga dos Campeões no Porto “é ver amanhã [sábado] cerca de 20 mil pessoas num estádio em Portugal e se calhar com a presença de alguns governantes e, no mesmo país e à mesma hora, se calhar vai haver muitos espetáculos desportivos onde nem as famílias dos jogadores podem estar”.
“É uma aberração“, sublinhou o presidente dos dragões, citado pelo Observador. “Há dias, enquanto se disputava no pavilhão do Dragão um jogo de uma modalidade em que nem os familiares dos atletas podiam estar, estava a decorrer um concerto no Pavilhão Super Bock Rosa Mota com 2.000 pessoas.”
“Não sei como vamos resolver isto mas dado a cretinice destas decisões, se calhar vamos pôr ao lado do estádio, talvez na pista, cantores. Vou ver se os que cá estiveram podem atuar, para ter público para assistir a esses festivais de música enquanto os jogadores jogam no campo ao lado”, disse, na sexta-feira à noite.
No final do jogo, Francisco J. Marques, diretor de comunicação e informação do FC Porto, criticou o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, afirmando que “só podem demitir-se“.
“A falta de vergonha desta gente faz com que hoje [sábado] tenha havido um jogo com milhares de pessoas e amanhã [domingo] há um jogo de basket a que nem os familiares dos atletas podem assistir”, escreveu, no Twitter.
“Disseram que os adeptos dos finalistas da Champions vinham em bolha, mas todos os portugueses viram que não houve bolhas nenhumas e que os responsáveis mentiram ao país. Oxalá o preço destas falsidades não seja muito alto. Ao FC Porto não devolvem os milhões retidos de IVA mas a UEFA lá voltou a ter todos os benefícios fiscais a que os portugueses nunca têm direito. O desporto precisa de outra gente, que fale verdade e defenda os clubes portugueses”, acrescentou.
Também Rui Rio, presidente da oposição, defendeu que o Governo e a Câmara Municipal do Porto “deviam pedir desculpa aos portugueses” na sequência do comportamento dos adeptos ingleses no Porto, considerando uma “vergonha em pleno combate à pandemia”.
“O Governo e a Câmara do Porto deviam pedir desculpa aos portugueses, que privados de tanta coisa, assistem a esta vergonha em pleno combate à pandemia”, escreveu no Twitter.
“Nada aprenderam com o que se passou em Lisboa”, salientou Rio, acrescentando que “hoje foi bem pior”. “Muita conversa politiqueira… e muito pouca eficácia.”
Ao longo da tarde de sábado, foram relatados incidentes e aglomerados no centro da cidade do Porto, sobretudo nas zonas da Ribeira, bem como dos Aliados e da Alfândega, e em causa estavam adeptos sem máscara, a consumir bebidas alcoólicas e sem cumprir distanciamento social solicitado devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
Já à noite, dois adeptos ingleses foram detidos na baixa do Porto, por agressão a agentes da autoridade após a final da Liga dos Campeões de futebol, revelou à Lusa fonte do Comando Metropolitano do Porto da PSP.
Os dois adeptos, acrescentou a fonte da Polícia de Segurança Pública, foram conduzidos para a Esquadra do Infante, no Porto, enquanto um agente ferido foi conduzido ao Hospital Santo António para ser suturado na face.
Com a zona da Ribeira fechada pela PSP após o final do jogo que o Chelsea venceu por 1-0, adeptos do Manchester City rumaram para a Avenida dos Aliados, de onde começavam também a sair os adeptos adversários, acabando por ocorrer algumas escaramuças.
Numa final 100% inglesa, o Chelsea conquistou a Liga dos Campeões ao derrotar a final o Manchester City por 1-0, em jogo disputado no Estádio do Dragão, no Porto.
ZAP // Lusa
A máfia da bola a aproveitar a onda…