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Stauffer doou o corpo da mãe à Ciência. O cadáver acabou em provas militares com explosivos

Doris Stauffer morreu em 2014, aos 73 anos, vítima de uma luta incessante contra o Alzheimer. Ciente de que não conseguiria vencer a doença, decidiu, juntamente com o seu filho, doar o cérebro para pesquisa. No entanto, o corpo acabou por ser vendido ao exército norte-americano e usado em testes de explosão de bomba.

A mãe de Jim Stauffer morreu num centro de cuidados paliativos no Arizona, nos Estados Unidos, há mais de cinco anos, depois de sofrer de Alzheimer durante o último período da sua vida.

Os médicos disseram a Jim Stauffer que a sua mãe não tinha o gene da doença, pelo que ficou convencido que uma investigação post mortem poderia lançar novas luzes sobre esta doença que afeta dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo – um desejo partilhado com a sua mãe.

Os especialistas estavam desconfiados de que a doença pudesse ter sofrido mutações, e era por esse motivo que estavam muito interessados em estudar o cérebro de Doris Stauffer. Pela Ciência, Jim decidiu doar o cadáver. No entanto, descobriu que o corpo da sua mãe acabou numa experiência com explosivos, realizada pelo exército dos EUA.

Depois de o cérebro de Doris ter sido rejeitado pelo neurologista, Stauffer procurou uma série de alternativas de outros serviços de doação e encontrou o Centro de Recursos Biológicos (BRC).

Segundo contou, o Centro de Recursos Biológicos levou o corpo de Doris cerca de 45 minutos após a sua morte e Jim assinou todos os documentos exigidos pela organização, rejeitando explicitamente o pedido de usar o cadáver em experiências explosivas: os documentos questionavam se o cadáver podia ser usado em testes envolvendo explosões, e Jim assinalou “não” como resposta.

Quando recebeu a caixa que continha a maioria das cinzas da sua mãe e alguns documentos, Stauffer não foi informado de como o corpo de Doris tinha sido usado no BRC. Até que, em 2016, Jim foi surpreendido pela Reuters com uma notícia avassaladora.

Doris Stauffer foi uma de, pelo menos, 20 outras pessoas cujo corpo foi doado após a morte à BRC e vendidas a um responsável militar para experiências no exército, sem o consentimento da sua família. Segundo o All That’s Interesting, cada corpo foi vendido por mais de cinco mil dólares.

O Pentágono alegou que o BRC havia sido desonesto com o exército em relação às partes do corpo que tinham sido vendidas, e que os militares estavam convencidos de que as famílias tinham dado consentimento explícito para os corpos serem usados em testes de explosivos.

Mark Cwynar, ex-agente especial do FBI, testemunhou em tribunal contra a BRC, em 2014, afirmando que tinham encontrado provas de que a organização estava a vender ilegalmente os cadáveres e que mantinham baldes com cabeças, braços e pernas nas suas instalações. O BRC acabou por ser oficialmente encerrado nesse mesmo ano.

O processo contra a organização alegava que Stephen Gore, proprietário da BRC, e a sua equipa, incidiam sobre famílias com baixo rendimento e que não recebiam apoio durante o luto, sendo, portanto, as mais vulneráveis aos esquemas da organização.

No ano seguinte, Gore declarou-se culpado e confirmou os seus crimes. Em outubro deste ano, irá comparecer em tribunal para enfrentar as famílias lesadas.

ZAP //

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