Dono da Altice avisado das buscas pela TVI. Amigo ofereceu emprego a juiz no interrogatório

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Mário Cruz / Lusa

Armando Pereira, fundador da Altice

Foi um interrogatório caricato aquele que o superjuiz Carlos Alexandre fez aos dois principais suspeitos do processo Altice, Armando Pereira e Hernâni Vaz Antunes. O dono da Altice revelou que a TVI o avisou das buscas e o seu braço-direito chegou a oferecer um emprego ao magistrado.

O co-fundador da Altice, Armando Pereira, considerado o homem mais rico de Portugal, continua detido, em prisão preventiva, no âmbito da “Operação Picoas” que investiga suspeitas de burla que terão lesado a Altice em 250 milhões de euros, bem como o Estado português em 100 milhões de euros por impostos não pagos.

O seu braço-direito e amigo, Hernâni Vaz Antunes, também continua detido depois de ter sido ouvido durante dois dias pelo juiz Carlos Alexandre no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).

O empresário de Braga compareceu perante o juiz com um ar “abatido” e protagonizou um momento insólito, começando por notar que nada tem contra os juízes e que estes têm “ordenados miseráveis”, conforme o relato feito pelo Correio da Manhã (CM) que teve acesso ao processo.

“Posso oferecer-lhe emprego no privado”, disse, então, Hernâni Vaz Antunes a Carlos Alexandre, ainda segundo o mesmo jornal.

Se arranjasse a MEO na minha terra, em Mação, é que era importante. Isso sim é um problema”, respondeu o magistrado como cita o CM. O empresário disse logo que conseguia fazer isso “em poucos dias”, mas “desde que não ficasse preso”, de acordo com a publicação.

Antes disso, já o braço-direito do dono da Altice teria oferecido um emprego também à funcionária do tribunal que estava assistir o juiz.

Armando Pereira avisado das buscas pela TVI

O interrogatório aos arguidos fica ainda marcado por outro dado curioso. Armando Pereira contou a Carlos Alexandre que foi avisado da realização das buscas pela TVI, segundo revela o jornal Nascer do Sol.

Um dia antes da operação da Polícia Judiciária (PJ), o dono da Altice diz que foi contactado pela TVI para um comentário às buscas que iriam acontecer à sua moradia em Vieira do Minho, Braga.

Está aqui em causa uma possível violação do segredo de justiça.

Os investigadores da “Operação Picoas” acreditam que os arguidos já teriam informações do processo alguns dias antes, uma vez que, “a partir da sexta-feira anterior às buscas e ao início da detenção dos quatro suspeitos”, se “dedicaram a destruir documentação relacionada com os esquemas alegadamente ilícitos que terão posto em prática”.

Este jornal salienta que os arguidos terão colocado provas “em locais com os quais nenhum deles estava relacionado”, para evitar que fossem apanhadas pela PJ.

Armando Pereira e Vaz Antunes choraram em tribunal

O interrogatório a Vaz Antunes vai continuar no início da próxima semana. Enquanto isso, o empresário, bem como Armando Pereira, continuam detidos na cadeia anexa à PJ, em Lisboa, até conhecerem as medidas de coação.

Os dois arguidos chegaram a chorar em tribunal perante as acusações de que são alvo, garantindo a sua inocência, de acordo com o CM.

Vaz Antunes lamentou que estava a ser vítima de “inveja” devido à fortuna acumulada e terá demonstrado alguma fragilidade que pode estar relacionada com o facto de a filha também estar detida no âmbito do processo Altice.

De resto, o empresário de Braga só se entregou à justiça dois dias depois de a filha ter sido detida.

ZAP //

6 Comments

  1. Comprar ou tentar comprar juízes é algo absurdo , pois estes senhores (e senhoras) representam a última esperança de se ter um sistema, uma sociedade justa. E comprar, sabemos, não se faz apenas com dinheiro vivo ou bens materiais, mas cargos vitalícios e muito bem remunerados, o que dá no mesmo. Um país que se preze precisa ter um sistema judiciário limpo e isento.

  2. O problema é que alguns estão mesmo à venda. Basta ver o que se passou no reino do ladrão. As mais altas hierarquias da justiça estavam tomadas para o ladrão e os seus comparsas fazerem o que queriam. O Costa foi ministro desse governo e não deu por nada.

  3. Meo,
    Teo,
    Seo,
    ou será CEO?
    MEO, Mação agora vai ter de certeza.
    CEO, não acredito.
    E, pelo lado do Calex, garantidamente que não.

  4. Portugal dos pequeninos afinal é um país de grandes criminosos. Espero que a justiça não se deixe comprar e os politicos não barrem o caminho à justiça.

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