“Vaquinha da vergonha”. Donativos de 1,6 milhões/euros para o polícia que matou Nahel

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A meta era recolher 50 mil euros, mas os donativos ultrapassaram os 1,6 milhões de euros. A iniciativa de apoio ao polícia que matou o jovem Nahel, em Naterre, França, despoletando uma onda de violência, já está a ser chamada de “vaquinha da vergonha”.

A morte de Nahel, jovem de 17 anos de origem magrebina assassinado por um polícia no passado dia 27 de Junho, em Nanterre, nos arredores de Paris, despoletou uma onda de violência em várias cidades francesas, com muitos edifícios e carros queimados, pessoas feridas e múltiplos detidos.

A situação continua tensa e uma campanha de crowdfunding para recolher dinheiro para apoiar a família do polícia que está acusado de homicídio voluntário, é mais uma acha para a fogueira.

Esta campanha foi lançada por uma figura polémica da política francesa que tem ligações à extrema-direita. Trata-se de Jean Messiha, ex-coordenador do programa de Marine Le Pen nas eleições presidenciais francesas de 2017.

Messiha também foi porta-voz da candidatura presidencial de Eric Zemmour, conhecido como o “Trump francês” e condenado por incitação ao ódio.

A recolha de donativos em favor do polícia começou por ser lançada na plataforma Leetchi, mas foi suspensa depois de recolher 5 mil euros em alguns minutos, como disse o próprio Messiha à comunicação social francesa.

Nesta mesma plataforma, está a decorrer uma recolha de fundos para apoiar a mãe de Nahel e que já angariou mais de 422 mil euros.

Messiha acabou por lançar a “vaquinha” de apoio ao polícia na plataforma GoFundMe e, em apenas cinco dias, recolheu mais de 1,6 milhões de euros. A recolha de donativos já terminou.

A campanha foi lançada com a descrição “apoio à família do polícia de Nanterre, Florian”, que “fez o seu trabalho e que, agora, paga um alto preço“. “Apoiem massivamente e apoiem as forças da ordem”, aponta-se ainda na plataforma.

“A vaquinha da vergonha”

A iniciativa tem sido muito criticada, nomeadamente por partidos de esquerda. O líder do PS francês, Olivier Faure, fala da “vaquinha da vergonha”.

Já o deputado Éric Bothorel do partido de Emmanuel Macron, o presidente de França, acusa Messiha de “atiçar as brasas” dos motins e classifica a recolha de donativos como “indecente e escandalosa”.

“O facto de ter sido uma pessoa próxima da extrema-direita a lançar esta “vaquinha” não contribui para o apaziguamento” da sociedade, lamenta a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne.

Família do polícia está em parte incerta

Entretanto, surgem apelos para que a campanha seja decretada ilegal com base em artigos do Código Civil francês referentes à “incitação ao ódio, à violência ou à discriminação”.

Mas também há quem argumente com o artigo que reporta para a “perturbação da ordem pública” e que foi usado, no passado recente, para interditar uma campanha de recolha de fundos em favor de um elemento do movimento dos “Coletes Amarelos“, Christophe Dettinger.

Os responsáveis do GoFundMe garantem ao Le Figaro que a campanha cumpre as “condições de utilização” da plataforma, uma vez que “os fundos serão pagos directamente à família” do polícia.

À luz da Lei Francesa, a campanha seria ilegal se visasse apoiar o polícia em caso de condenação, nomeadamente para ajudar a pagar eventuais indemnizações, custas judiciais ou outras multas impostas pela justiça, como repara o citado jornal.

O polícia está, actualmente, em prisão preventiva enquanto decorre a investigação em torno da acusação por homicídio voluntário de que é alvo.

A sua família teve que se mudar depois de a sua morada ter sido divulgada nas redes sociais, e está actualmente em local desconhecido.

Messiha diz que o querem “silenciar”

O advogado da família de Nahel, Yassine Bouzrou, já anunciou que vai apresentar queixa contra Jean Messiha por “esquema de quadrilha organizada”, acusando-o também de ter desviado informações judiciais confidenciais sobre o cadastro de Nahel “para criminalizá-lo e criar um movimento de apoio ao polícia”.

O Le Monde cita as argumentações de Bouzrou que refere que Messiha usou “manobras fraudulentas” para conseguir os donativos, e destacando que a família do polícia pode ser culpada de “ocultação de fraude em quadrilha organizada” se beneficiar do dinheiro recolhido.

Em resposta a esta posição, Messiha usou o Twitter para lamentar que o querem “silenciar com métodos totalitários de intimidação”. “Tudo o que pode despertar o nosso povo entorpecido tem de ser neutralizado imediatamente e com todos os meios”, queixa-se ainda.

“Não vou calar-me”, prossegue, salientando que “um francês não se submete”, “principalmente quando não está sozinho”.

“A denúncia da família de Nahel não tem base legal” e é “uma comunicação política difamatória e caluniosa“, salienta ainda, anunciando que também vai apresentar queixa.

Susana Valente, ZAP //

11 Comments

  1. Este caso inadmissível por parte do agente serviu de isqueiro para as tensões em França, provocado pela imigração descontrolada, especialmente de indivíduos com culturas que colidem com os valores e leis francesas, nomeadamente com os cerca de 19 milhões de muçulmanos, quase 30% da população. Há muitos bairros deles que a polícia não entra há vários anos.

  2. Acho piada a esquerda dizer que o crowdfunding para a familia do policia, que estava a fazer o seu trabalho, é vergonhoso, quando a culpa disto tudo é da esquerda que acolhe de braços abertos pessoas sem o mínimo de investigação. Se fossem rigorosos com o processo de imigração, agora não estavam a passar por isto.

  3. inadmissivel porquê? a Policia deve ser tratada com respeito e se manda parar…..para-se ponto final, um garoto de 17 anos, com cadastro, e ao volante de um carro????? o policia é que é culpado??? se não tivesse feito nada e se esse mesmo garoto tivesse causado um acidente, aí sim é que era culpado. o agente cumpriu com o seu dever.

  4. Concordo com todos. Vergonha é a esquerda marxista existir sequer e à solta na rua e nos desGovernos!

  5. Como é possível não obedecermos a ordem de paragem de uma autoridade ainda por cima com uma arma apontada a nós ?? O resultado final foi trágico e exagerado mas e se na sua fuga tivesse atropelado mortalmente, uma gravida, uma criança, um ciclista etc… teria havido a mesma revolta contra os delinquentes que andam sem carta e sem respeito pelo código da estrada.
    Fala-se muito do abuso e racismo das autoridades mas fala-se pouco da falta civismo e respeito pelas autoridades de algumas minorias que se fazem sempre de vitimas.

  6. Dois polícias em motas avistam um Mercedes de matrícula Polaca a circular num corredor bus. Accionam os seus dispositivos de alerta (sirene e luz) e, no semáforo vermelho, indicam ao condutor para encostar. Em vez de acatar a ordem, o veículo arranca e fura o sinal vermelho. A polícia inicia a perseguição do veículo enquanto comunica com os seus superiores pelo rádio. O veículo multiplica as infrações de trânsito colocando em risco um peão e um ciclista. Devido a um engarrafamento, o veículo é finalmente forçado a parar. Os polícias desmontam e mandam o condutor abrir a janela, o que ele faz. Após uma troca de palavras (e possivelmente de expressões gestuais) infrutífera, os polícias sacam das armas, apontando para o condutor e ordenando-lhe para desligar o motor. O condutor arranca e o resto já sabem.

  7. os emigrantes sem integracäo na cultura no pais aonde vivem, é um problema das sociadades modernas. os politicos säo os culpados, acholhem-nos e näo ajustam a sua sociadade ás necessecidades! usam-nos como mäo de obra para manterem a economia a funcionar. quando surgem problemas com estes individuos, näo tem forma de os controlar, de os gerir. as pessoas näo foram integradas, foram usadas!

  8. Muito coerente os comentários do Nuno, da Fátima e do Joe. Os demais apegam-se às suas posições políticas em desacordo com o fato.

  9. Sim, então o comentário do Nuno é mesmo uma pérola. É um hino à estupidez. O homem nem escrever sabe quanto mais pensar. E vocês vai pelo mesmo caminho.

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