O polémico comentador de extrema-direita Éric Zemmour apresentou hoje a sua candidatura às eleições presidenciais francesas, previstas para abril de 2022, figurando já no terceiro lugar das intenções de voto, logo atrás de Marine Le Pen.
Zemmour, de 63 anos, é conhecido pelas suas abordagens críticas em relação às questões envolvem o islão e as migrações, tendo já sido apelidado de “Trump francês”, refere o Sputnik.
“Vocês conhecem-me há anos, vocês sabem o que eu digo e os meus diagnósticos. Durante muito tempo contentei-me em ser jornalista, escritor. Acreditava que um político tomaria conta do incêndio que eu denunciava […]. Essa ilusão acabou. Tal como vós, já não confio e decidi agir porque percebi que nenhum político terá coragem de salvar o país do destino trágico que o aguarda”, disse Zemmour num vídeo difundido nas suas redes sociais.
Nos últimos anos, o escritor e comentador, filho de imigrantes sefarditas da Argélia, tornou-se uma das vozes mais extremistas em França em relação à imigração e aos muçulmanos, tendo já enfrentado vários processos na justiça por difamação e incitação ao ódio.
No seu vídeo de apresentação da candidatura presidencial, o ex-jornalista refere que a imigração não é a causa de todos os problemas em França, mas “agrava-os a todos”.
No mesmo vídeo, enquanto passam imagens de jovens com véu ou de cultos muçulmanos, Zemmour argumenta ainda que a França que os franceses amam “está a desaparecer”.
Éric Zemmour começou a escrever nos jornais franceses nos anos 80, tendo passado nos anos 90 pela redação do “Le Figaro”, onde regressaria como comentador na década de 2000.
Foi nessa altura que se tornou uma figura familiar para os franceses, participando semanalmente num debate transmitido no canal de televisão público France 2.
A partir de 2011, Éric Zemmour passa a ser figura regular na antena da rádio RTL, uma das mais ouvidas em França, chegando em 2019 ao canal C News, propriedade do multimilionário francês Vincent Bolloret.
Encarado em França como uma figura polémica, Zemmour é autor de diversos livros, como é o caso dos títulos “Suicídio francês” ou “Destino francês”.
Apesar da incerteza que rodeava uma possível candidatura ao Eliseu (Presidência francesa), há meses que Éric Zemmour percorre o país em visitas a empresas e associações, multiplicando-se em contactos com a população.
A candidatura do ex-jornalista é independente, não está ligada a nenhum partido, mas é apoiada por reconhecidas personalidades do mundo empresarial e dissidentes do partido de extrema-direita União Nacional (anteriormente Frente Nacional) de Marine Le Pen.
Alguns incidentes protagonizados nos últimos meses por Éric Zemmour, como gestos indelicados para quem o confronta ou apontar uma arma não carregada a jornalistas, têm suscitado polémica e críticas dos mais diversos setores.
Numa sondagem divulgada no domingo elaborada pelo Ifop para o “Journal du Dimanche”, Zemmour situa-se atualmente no terceiro lugar nas intenções de voto dos franceses, com uma potencial votação entre 14% e 15%, com Marine Le Pen no segundo lugar e o atual Presidente, Emmanuel Macron, em primeiro.
Le Pen tem começado a angariar o apoio antes direcionado a Zemmour. Por ser uma opção mais tradicional para a extrema direita, a candidata tem diminuindo aos poucos as possibilidade de Zemmour disputar as eleições em 2022, sugerem alguns analistas ouvidos pelo Sputnik.
ZAP // Lusa