Violência em França: autarcas solidários com eles próprios; já há danos de cerca de mil milhões de euros

Esta segunda-feira, autarcas franceses de todo o país juntaram-se e saíram às ruas para se manifestarem contra a violência dos últimos dias. Os danos dos tumultos estão já avaliados em cerca de mil milhões de euros.

Os tumultos em França, depois da morte de um adolescente pela polícia, na terça-feira passada, em Nanterre (arredores de Paris), tem deixado o país a ferro e fogo, nos últimos dias.

Já foram detidas centenas de pessoas, enquanto continua a violência contra as autoridades e líderes políticos – ou “contra a República”, como refere o presidente francês, Emmanuel Macron.

Na noite de sábado, a AFP reportou um ataque à residência de um presidente de câmara de uma pequena cidade da região parisiense, que provocou ferimentos na mulher e num dos dois filhos menores.

Conta o Correio da Manhã que, na noite de domingo para segunda-feira, a casa de um autarca de origem portuguesa, em França, também foi atacada e invadida por sete pessoas.

Filipe Ferreira Pousos, presidente do município de La Riche, perto de Tours, terá visto o seu veículo oficial ser atingido por um ‘cocktail molotov’, de acordo com o CM. O autarca já teria sido ameaçado de morte na madrugada de quinta-feira.

Eric Dupont Moretti, ministro francês da Justiça, prometeu punir todas as pessoas que violarem a lei, durante os protestos.

Durante o dia de ontem, autarcas franceses organizam manifestações contra a violência e os ataques de que têm sido alvo.

Uma semana depois…

Pelo menos 72 pessoas foram detidas na sétima noite consecutiva de distúrbios em França, que, segundo o Ministério do Interior, registou menos incidentes em relação aos últimos dias.

O número de detenções na noite de segunda-feira para terça-feira comunicadas pelo Governo – sem referir a gravidade dos incidentes – é inferior às 157 da noite anterior e às 400 detenções ocorridas na noite de sábado para domingo.

De acordo com os dados oficiais, durante os distúrbios que eclodiram na semana passada, já foram incendiados 159 carros, 24 edifícios públicos ficaram danificados assim como quatro postos de polícia.

Nos últimos dias estiveram destacados 45 mil polícias e gendarmes em vários pontos do país, sobretudo na região de Paris.

De acordo com a associação patronal francesa Medef, os distúrbios já provocaram danos avaliados em cerca de mil milhões de euros.

200 estabelecimentos comerciais foram totalmente pilhados e 300 agências bancárias ficaram destruídas, assim como 250 quiosques de rua.

A Medef não incluiu ainda a previsão do eventual impacto dos incidentes na imagem da França, relativamente ao turismo.

Emmanuel Macron recebe, esta terça-feira, no Palácio de Eliseu mais de 200 autarcas de localidades onde se registaram distúrbios.

A primeira-ministra, Élisabeth Borne, recebe também no dia de hoje os líderes dos grupos parlamentares da maioria, depois de se ter reunido na segunda-feira com os dirigentes dos partidos da oposição, para debater a situação atual.