Dois irmãos inventores transformam bicicletas a pedal em “besidróglios” elétricos

Miguel Pereira da Silva / Lusa

Dois irmãos de Almeida transformam bicicletas a pedal em elétricas e triciclos

Dois irmãos de Almeida transformam bicicletas a pedal em elétricas e triciclos

Dois irmãos inventores autodidatas residentes na vila de Almeida, no distrito da Guarda, têm por passatempo transformar bicicletas normais em elétricas e em triciclos, para surpresa de amigos e de vizinhos.

Helder Gomes, de 53 anos, motorista de ambulância nos Bombeiros Voluntários de Almeida, criou um triciclo híbrido (elétrico e a pedal) a partir de uma bicicleta e Armindo Gomes, de 61 anos, desempregado, faz a alteração de bicicletas normais para elétricas.

Armindo e Helder, que pertencem a uma família que tem vários criativos, desde os avós aos netos, decidiram apostar na transformação de bicicletas a pensar no conforto e na diminuição dos custos com as deslocações diárias.

O projeto inicial de Helder Gomes, em 2001, consistiu na junção de um motor de combustão a uma bicicleta, mas desistiu da ideia porque necessitava de homologação para poder circular na via pública. Posteriormente, transformou a bicicleta em triciclo e, em 2014, adaptou-lhe um motor elétrico.

O bombeiro concebeu o triciclo híbrido com parte da estrutura da bicicleta, duas rodas de motociclo, duas trotinetes velhas, peças de uma máquina de lavar roupa e parte de um pneu de moto quatro (serve de assento).

“Só comprei uns parafusos na loja, o resto é tudo praticamente reciclado”, contou.

O seu triciclo, batizado de “Besidróglio“, com seis mudanças, atinge uma velocidade máxima aproximada de 50 quilómetros/hora e é movido por três baterias que dão para percorrer cerca de 10 quilómetros.

O inventor utiliza o veículo no dia-a-dia e calcula que, sem utilizar o carro, poupa “30 a 40 euros” por mês em combustível.

Helder Gomes orgulha-se de possuir um veículo único, garantindo que “não há nenhum igual no mundo”.

Diz que não vende o triciclo por “valor nenhum”, mas avalia-o em “300 ou 400 euros”.

Referiu à Lusa que não registou a patente porque “implica muito custo”, mas ficava contente se a sua invenção fosse aperfeiçoada e comercializada.

O irmão, Armindo Gomes, teve a ideia de transformar as bicicletas quando comprou uma nova e constatou que tinha em casa uma trotinete elétrica velha.

“Logo no segundo dia [após a compra] deu-me a ideia, cortei o chassi da trotinete e adaptei-o na suspensão da frente [da bicicleta] da roda motora”, explicou o antigo lubrificador e assistente de camiões.

O seu trabalho consiste essencialmente na adaptação da suspensão da frente da bicicleta e na colocação de uma nova roda de pequenas dimensões, na execução da instalação elétrica e na aplicação de duas baterias.

A bicicleta híbrida, que batizou de “Solex Portuguesa” e tem um valor calculado de 400 euros, é agora o veículo “preferido” de Armindo Gomes.

“O objetivo disto é mais para as subidas. Quando não se pode pedalar – porque já tenho as pernas com um bocadinho de ‘ferrugem’ -, liga-se o motor e ela sobe mais leve”, justificou o homem, que já transformou mais três bicicletas que ofereceu aos amigos.

Os habitantes da vila de Almeida, que ficaram surpreendidos com as invenções, aplaudem o trabalho dos dois irmãos autodidatas.

/Lusa

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