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Mais doentes graves podem começar a chegar aos cuidados intensivos. Sem contar os casos de covid-19

(dr) Hospital de São João

O Governo teme que os cuidados intensivos possam vir a ter uma maior procura por causa de doentes que estão a chegar mais tarde e em situação mais graves aos serviços de saúde, devido à pandemia de covid-19.

Segundo noticiou esta terça-feira a TSF, esta é uma das três razões que levaram o Programa de Estabilização Económica e Social a incluir 26 milhões de euros para investir no reforço da resposta de medicina intensiva.

De acordo com a Resolução do Conselho de Ministros, estima-se uma elevada procura destes departamentos, não só pela covid-19 mas também devido à necessidade de ativar serviços de saúde suspensos e a um aumento de novos doentes graves.

A terceira justificação passa por um “aumento da procura por doentes com patologias que não se têm manifestado em procura expressa, chegando mais tarde e mais graves”.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, João Gouveia, disse à TSF que um reforço nesta área, “cada vez mais importante na medicina moderna”, e compreende a preocupação com o aumento de casos a precisar deste tipo de tratamentos.

“Não sabemos exatamente o que se está a passar com os doentes que em situações normais apareciam antes nos hospitais, havendo o receio de que possam vir a aparecer com complicações de doenças que de outra forma teriam aparecido precocemente, dificultando, os tratamentos”, detalhou.

João Gouveia referiu: “não sabemos onde vai levar a diminuição da procura” dos cuidados de saúde que se verificou nos últimos meses com a covid-19. “Há menos doentes com enfarte do miocárdio a entrar no sistema nacional de saúde o que se pode dever por um lado ao confinamento, mas de certeza que há um número significativo que deve ter tido o seu enfarte, que não recorreu ao sistema e que se calhar daqui a uns tempos vamos ter complicações desses enfartes”.

Como indicou a TSF, o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, indicou: “Uma das coisas que fizemos para combater a covid-19 foi deixar de lado, por despacho, todos os doentes não-covid, adiando doentes não prioritários e prioritários. Agora temos um grande trabalho pela frente”.

“Agora as coisas começam a voltar ao normal”, além de doentes de outras doenças há também mais acidentes na estrada, “e é importante que o Governo reconheça esta situação e a necessidade de ter mais camas de cuidados intensivos e simultaneamente camas [deste tipo] para os doentes Covid”, acrescentou.

Miguel Guimarães defendeu a necessidade de mais camas de cuidados intensivos, mais médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde.

ZAP //

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