Após assumir a Presidência do Brasil a título interino, esta quinta-feira, Michel Temer divulgou a lista de ministros de seu novo governo.
No primeiro discurso oficial, Temer afirmou que é urgente “pacificar a nação e unificar o país”. O slogan do novo elenco é “Governo Federal: Ordem e Progresso“, que substitui o lema do Executivo de Dilma Rousseff, “Brasil: Pátria Educadora”.
Com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, Michel Temer chega ao comando interino do país rodeado de “homens fortes” do seu partido, o PMDB. Aliás, as mulher estão totalmente ausentes da equipa de ministros: o governo de Michel Temer é 100% masculino – e branco.
Dos 23 ministros – menos nove ministros do que o executivo de Dilma Rousseff – sete destes (32%) são investigados pela Justiça, acusados por tribunais de contas ou já condenados. Entre os membros da equipa do presidente interino, Henrique Alves, Romero Jucá, Geddel Vieira Lima, Ricardo Barros, José Serra e Gilberto Kassab são suspeitos de crimes como improbidade administrativa.
Vários ministérios sofreram mudanças profundas: o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, da Juventude e dos Direito Humanos sofreu a mudança extrema, tornando-se uma secretaria de Estado sob a tutela da Justiça.
Além deste, o ministério da Segurança Social foi integrado no das Finanças; o da Cultura no da Educação; e o das Comunicações na pasta da Ciência e Tecnologia.
Além disso, as Secretarias de Portos e Aviação Civil foram integradas no Ministério dos Transportes e o Ministério do Desenvolvimento Agrário foi absorvido pelo Ministério do Desenvolvimento Social.
A poucos meses dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, o único ministro que sobreviveu ao terramoto político das últimas semanas foi Leonardo Picciani, que tem a seu cargo a pasta do Desporto.
Apesar de nos últimos dias terem sido apontados nomes que levantaram o alerta – como a possibilidade de um pastor da Igreja Universal do Reino de Deus assumir a pasta da Ciência -, as nomeações agora conhecidas não apresentam nomes tão controversos.
A maioria (sete ministros) pertence ao partido de Michel Temer, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), seguindo-se três novos ministros do antigo principal partido da oposição, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) – incluindo o senador José Serra, que já foi candidato à presidência.
Do PSD (Partido Social Democrático) saem dois ministros de renome: Henrique Meirelles (PSD), a cargo da Fazenda e Previdência (Finanças e Segurança Social), e Gilberto Kassab, nas Comunicações, Ciência e Tecnologia.
Foram nomeados ainda dois ministros do PP (Partido Progressista), incluindo o “rei da soja” Blairo Maggi, dono de um dos principais grupos exportadores de soja do país, que assume a pasta da Agricultura, Pecuária e Abastecimento apesar de ser bastante criticado por ativistas e ONGs ambientais.
Há também dois ministros que não são membros de qualquer partido: Fabiano Silveira, que chefia agora o recém-criado Ministério da Fiscalização e Controlo, e Sérgio Etchegoyen, novo chefe da Segurança Institucional do Brasil.
Entre as mudanças de ministérios, Michel Temer uniu três pastas numa só e nomeou para a tutela do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação o deputado federal Maurício Quintella, que deixou a liderança do seu partido em plena câmara dos deputados para votar a favor do impeachment, contrariando orientação do partido.
O deputado do estado de Alagoas foi investigado e condenado em 2014 por envolvimento num esquema de desvio de dinheiro de merendas escolares no seu Estado, quando era secretário da Educação entre 2003 e 2005.
Os partidos Democratas, Verde, da República, Popular Socialista, Trabalhista, Republicano e Socialista têm, cada um, um representante no novo governo.
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