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Disputa sobre os nossos ancestrais resolvida pela evidência genética mais antiga de sempre

José María Bermúdez de Castro

Restos do esqueleto de um Homo antecessor.

Informações genéticas de um fóssil humano com 800 mil anos foram recuperadas pela primeira vez. Os resultados esclarecem uma das ramificações da nossa árvore genealógica.

A evidência genética foi retirada de um dente pertencente a um Homo antecessor com 800 mil anos. Esta descoberta, escreve o Phys, é um avanço muito importante nos estudos de evolução humana.

“A análise de proteínas antigas fornece evidências de uma estreita relação entre o Homo antecessor, nós (Homo sapiens), Neandertais e Denisovanos. Os nossos resultados apoiam a ideia de que o Homo antecessor era um grupo irmão do grupo que continha Homo sapiens, Neandertais e Denisovanos”, diz o autor principal, Frido Welker. O estudo foi publicado esta quarta-feira na revista científica Nature.

Os antropólogos sequenciaram proteínas antigas do esmalte deste hominídeo e determinaram seguramente a posição do Homo antecessor na árvore genealógica humana. Isto permitiu aos cientistas reconstruir a evolução humana desde tempos mais remotos do que nunca.

“Muito do que sabemos até agora é baseado nos resultados de análises antigas de ADN ou em observações da forma e da estrutura física dos fósseis. Por causa da degradação química do ADN ao longo do tempo, o ADN humano mais antigo recuperado até agora é datado de não mais do que aproximadamente 400.000 anos”, explicou o coautor Enrico Cappellini.

Os fosseis analisados foram encontrados, em 1994, num sítio arqueológico da Serra de Atapuerca, em Espanha, pela equipa do cientista José María Bermúdez de Castro.

As primeiras observações levam os cientistas a concluir que o Homo antecessor foi o último ancestral comum aos humanos modernos e aos Neandertais. A relação exata entre o Homo antecessor e os outros grupos, como os Homo sapiens e os Neandertais, foi discutida ao longo de anos.

Embora a hipótese de o Homo antecessor ser o último ancestral comum não encaixar na perfeição no cenário evolutivo, as novas descobertas vêm validar essa possibilidade.

“Estou feliz pelo facto de o estudo fornecer evidências de que o Homo antecessor pode estar intimamente relacionado ao último ancestral comum do Homo sapiens, Neandertais e Denisovanos”, começou por dizer José María Bermúdez de Castro.

“Os recursos compartilhados pelo Homo antecessor com estes hominíneos apareceram claramente muito mais cedo do que se pensava anteriormente. O Homo antecessor seria, portanto, uma espécie básica da humanidade emergente formada por Neandertais, Denisovanos e humanos modernos”, acrescentou.

ZAP //

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