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A “dismorfia do dinheiro” está a deixar cada vez mais pessoas em pânico. Há três culpados

O termo “dismorfia do dinheiro” registou um aumento dramático nas pesquisas online durante o último ano. Mas o que é que significa exatamente, sofrer desta ansiedade financeira? E porque é uma preocupação para tanta gente? 

O fenómeno refere-se à desconexão entre a realidade financeira real e a perceção que a pessoa tem da sua riqueza. Embora não seja uma condição clinicamente reconhecida, pode levar a sofrimento muito real financeiro significativo e a hábitos pouco saudáveis.

A dismorfia do dinheiro consiste numa má avaliação da situação financeira. Atinge-nos quando acreditamos que temos menos dinheiro — ou mais — do que realmente temos. Traz-nos sentimentos de ansiedade, e pode levar a más escolhas de gastos e até mesmo evitar fazer quaiquer decisões financeiras.

“Todos nós temos aquele medo de verificar as contas bancárias”, explica a especialista em finanças Christie Cook  ao Sky News. “há despesas no meu banco que não quero ver, verificá-las e ver o dinheiro a sair deixa-me em pânico”, diz uma cliente da especialista.

“Com as redes sociais a alimentar comparações irrealistas e notícias negativas constantes sobre a crise do custo de vida, não é surpresa nenhuma que muitas pessoas estejam a sentir ansiedade financeira”, diz.

E os ricos não estão imunes: algumas pessoas podem pensar que têm mais dinheiro do que o qu realmente têm e, por isso, gastam demasiado.

Os três culpados da dismorfia do dinheiro

Embora as causas exatas da dismorfia do dinheiro ainda não sejam claras, os especialistas acreditam que há vários fatores que contribuem para o fenómeno.

Uma das principais causas é a crise do custo de vida, que tem levado muitas pessoas a poupar, em pânico. “As pessoas podem sentir-se mais em controlo se guardarem cada cêntimo, mesmo que já tenham o suficiente em poupanças para cobrir custos inesperados”, explica Cook.

Outro fator é o ambiente financeiro durante a infância. Crescer num ambiente onde as dificuldades financeiras predominam pode influenciar a mentalidade financeira na idade adulta.

Para alguns, traumas financeiros passados — como falência ou fraude — também podem contribuir para sentimentos de ansiedade financeira, mesmo quando a situação financeira atual é estável.

A dismorfia do dinheiro pode ser difícil de reconhecer, especialmente porque os seus sinais podem variar muito. Mas há indicadores-chave a que deve estar atento.

“A forma mais óbvia de reconhecer se sofre de dismorfia do dinheiro é notar que se preocupa demasiado com o dinheiro quando não há perigo imediato, como perder bens ou ir à falência”, disse ainda a especialista. “Se a verificação do seu saldo bancário lhe causa stress ou pânico, ou se se sente culpado pelo que ganha ou poupa, pode ser uma caraterística”, completou.

“Da mesma forma, se evita os extratos bancários ou lidar com questões financeiras, então pode estar em negação sobre o quanto está a gastar – a ignorância nem sempre é uma bênção, especialmente se isso significa que está a pagar juros ou taxas de atraso ao ignorá-los”, disse.

Como gerir este pânico

Para aqueles que reconhecem estes ou alguns dos sintomas, existem estratégias para ajudar a gerir a condição.

1. Acompanhe os seus gastos

Ao manter um registo dos seus hábitos financeiros, pode obter uma imagem mais clara da sua situação financeira — pode ajudar a aliviar as preocupações com gastos excessivos ou com o facto de não ter dinheiro suficiente.

2. Evite comparações

Evite comparar a sua situação financeira com a dos outros, especialmente com a dos influencers nas redes sociais — pode distorcer a sua perceção e levar a uma ansiedade financeira desnecessária.

3. Estabeleça metas de poupança

Organizar poupanças para diferentes fins, como emergências ou objetivos futuros, pode dar-lhe uma maior sensação de controlo sobre as suas finanças e reduzir os sentimentos de insegurança.

4. Procure ajuda profissional

Se a dismorfia do dinheiro continuar a afetar o seu bem-estar, considere a possibilidade de falar com um terapeuta ou consultor financeiro que o possa ajudar a lidar com estas emoções e a melhorar a sua relação com o dinheiro.

ZAP //

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