Christine Lagarde, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), será julgada por alegada negligência relativa a uma decisão de 2008, quando era ministra das Finanças de França.
O caso será julgado em França pelo Tribunal de Justiça da República, que julga ministros por crimes cometidos enquanto estavam em funções, e envolve o empresário Bernard Tapie e o banco Crédit Lyonnais.
Enquanto isso, o Conselho de Administração do FMI, que representa os 188 Estados-membros da organização, “continua a ter confiança plena nas capacidades da diretora geral para assumir as suas funções eficazmente”, declarou um porta-voz da instituição.
Lagarde foi posta sob investigação em agosto de 2014 por ter autorizado o pagamento de mais de 400 milhões de euros num acordo fora dos tribunais com o empresário Bernard Tapie em 2008, durante o governo do então presidente Nicolás Sarkozy.
O montante foi pago pelo governo como indemnização pelos alegados prejuízos sofridos pelo bilionário francês – amigo de Sarkozy que o apoiou na campanha para as presidenciais de 2007 – na venda da Adidas pelo banco semipúblico Crédit Lyonnais, alegando que a instituição financeira, em parte detida pelo Estado, tinha desvalorizado propositadamente as ações para o prejudicar.
Para decidir a questão, o Ministério das Finanças formou um “tribunal de arbitragem”, que finalmente tomou a decisão de pagar a Tapie os 403 milhões de euros, escandalizando boa parte da população francesa.
Em 2011, o Ministério Público da França acusou Lagarde de escolher uma mediação privada para o caso Tapie em vez de recorrer à via judicial, o que teria dado maior neutralidade ao processo.