O regresso da série “The Crown” à Netflix, com a temporada 5, é marcado pela polémica porque os novos episódios abordam os anos mais difíceis da família real britânica, assombrando o já frágil reinado de Carlos III.
Dois meses depois do falecimento da Rainha Isabel II, “The Crown” está de volta à Netflix com a temporada 5.
A saga que conta a história da família real britânica aborda, nestes episódios, os anos mais dolorosos para Isabel II, com alguns dos episódios mais polémicos da monarquia, desde os anos de 1990 até 1997, mesmo antes da morte de Diana.
Assim, vão passar pela trama os divórcios dos três filhos de Isabel II, mas também a relação tensa entre Carlos e a mãe. A série incluirá cenas onde Carlos terá tentado fazer lobby com o então primeiro-ministro, John Major, para forçar a abdicação da mãe que tinha, na altura, 65 anos.
Contudo, os momentos mais marcantes prometem ser os referentes à relação entre Carlos e Diana e ao polémico divórcio do casal. O fantasma da “princesa do povo” voltará, assim, a assombrar o actual Rei que é desempenhado, na série, pelo actor Dominic West.
A australiana Elizabeth Debicki faz de Diana e Imelda Staunton de Isabel II, enquanto Jonathan Pryce é Felipe de Edimburgo.
A new decade; a new, all-star ensemble. Introducing the cast of The Crown Season 5. pic.twitter.com/bQ3sth5XqP
— The Crown (@TheCrownNetflix) November 2, 2022
O escândalo do tampão
Um dos momentos mais embaraçantes para Carlos é o episódio do escândalo do tampão – o chamado “Tampongate” ou “Camillagate”. Em 1993, a imprensa britânica publicou transcrições de uma conversa de cariz sexual entre Carlos e Camilla Parker Bowles que era então sua amante.
Na frase mais marcante, Carlos diz que gostava de reincarnar num tampão para “viver dentro das calças” de Camilla. A actual Rainha consorte era, então, casada com Andrew Parker Bowles.
A conversa entre Camilla e Carlos teve lugar em 1989, mas os jornais só a divulgaram em 1993, um ano depois de Diana e o actual Rei se terem separado. Carlos e Diana divorciaram-se em 1996.
A entrevista chocante de Diana
Outro momento marcante para a família real britânica, pelos piores motivos, é a polémica entrevista de Diana à BBC em 1995 – e que também está na temporada 5 de “The Crown”, recuperando velhos fantasmas de Carlos.
“Éramos três no casamento, por isso, era um pouco sobrelotado”, foi uma das frases mais impactantes dessa entrevista onde Diana admitiu também que andava a trair Carlos com o antigo oficial do exército James Hewitt.
essa nova temporada de the crown vai entregar muita atuação, luxo, putaria e muito barraco. isso é arte!!!
— lucas faria? ⭐️ (@Iucasfaria) November 9, 2022
Diana também falou dos seus problemas de saúde mental, incluindo uma depressão pós-parto e a bulimia, contando como foi posta de parte ou rotulada como “instável” ou “mentalmente desequilibrada” pelo resto da família real por os assumir.
E ainda culpou a traição de Carlos pela sua bulimia, notando que era “um sintoma do que estava a acontecer no casamento”.
Este despojamento de Diana, com revelações tão íntimas e chocantes, nunca se tinha visto num elemento da família real.
Diana pôs em causa a capacidade de Carlos ser Rei
Diana resolveu tomar as rédeas da situação num sinal de empoderamento e também disse que para Carlos, ser Rei seria “sufocante” e que o cargo lhe traria “enormes limitações”, realçando que não sabia se ele se podia “adaptar a isso”.
“A princesa do povo”, como era chamada, acabou, assim, por colocar em causa a capacidade de Carlos ser Rei – uma dúvida que muitos britânicos ainda têm agora que ele carrega a coroa que foi da mãe.
Em 2021, veio a descobrir-se que o jornalista da BBC que conseguiu a entrevista com Diana lhe mentiu para a convencer a falar com ele.
Os Príncipes William e Harry acabaram por emitir comunicados a condenar a BBC, realçando que a entrevista contribuiu “significativamente para o medo [de Diana], a paranóia e o isolamento” que marcou os seus últimos anos de vida.
Agora, há quem defenda que a Netflix não devia abordar a entrevista na série, uma vez que foi realizada de forma pouco ética pelo jornalista.
Críticas de “sensacionalismo cru”
No meio da polémica, muitos têm questionado a versão que a Netflix apresenta dos factos.
Há quem fale em “sensacionalismo cru”, como foi o caso da actriz Judi Dench que é amiga de Carlos e que chegou a publicar uma carta aberta no The Times, defendendo que é preciso sublinhar que a série é “um drama ficcionado” e não um relato preciso do que aconteceu.
A Netflix já se viu forçada a acrescentar um alerta, antes da emissão da série, a notar que “The Crown” é uma “dramatização ficcionada” que é “inspirada em eventos reais”.
Entretanto, Dominic West considera que a série tem a virtude de apresentar a perspectiva de Carlos que não se conheceu quando Diana tomou as rédeas da história do casal. O actor que faz de Carlos na série repara que o actual Rei tinha, na altura, “uma imprensa má” para com ele.
Mas “The Crown” pode, agora, acrescentar “um pouco de perspectiva”, considera West, pedindo que se dê “o benefício da dúvida” a Carlos quanto aos factos do passado.
Entretanto, a Netflix já está a filmar a temporada 6 de “The Crown” que vai abordar a morte de Diana num acidente de viação, em Paris, em 1997, bem como os acontecimentos que se seguiram.
O canal de streaming já garantiu que não vai mostrar imagens do acidente, mas apenas cenas sobre o que aconteceu antes e depois disso.
Estou a ver a série The Crown e o que me chocou mais até agora foi ver Isabel II a lavar os dentes.
Era os dentes, dentes ou tirou a ‘placa’ para lavar os dentes da prótese?