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Três detidos no caso da menina morta em Setúbal. Há suspeitas de abuso sexual, rapto e tortura por dívida de bruxaria

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A Polícia Judiciária deteve três pessoas no caso da morte de uma menina de três anos em Setúbal. São a ama da criança, o marido e a filha que estão indiciadas por homicídio qualificado. Também há suspeitas de abusos sexuais.

Os três detidos no caso são suspeitos dos crimes de rapto, extorsão, ofensas à integridade física e homicídio qualificado, como avança a Polícia Judiciária (PJ) em comunicado.

A PJ refere que foram detidos um homem de 58 anos e duas mulheres de 52 e 27 anos por haver “fortes indícios” de que praticaram os crimes referidos.

Estas três pessoas serão a ama que ficou com a criança de três anos nos últimos cinco dias antes da sua morte, bem como o seu marido e a filha.

Após ter sido ouvida pela primeira vez pela PJ, a ama terá “fugido para Leiria”, onde tem familiares, juntamente com o marido, como reporta o Correio da Manhã (CM). Terá sido nessa cidade que a Judiciária a deteve.

A avó materna da menina que morreu, Rosa Tomás, revela aos jornalistas que os sinais de maus-tratos na criança já seriam evidentes quando a mãe a foi buscar à casa da ama, na passada segunda-feira de manhã, por volta das 9 da manhã. Contudo, só pelas três da tarde desse dia é que a família alertou as autoridades.

No telefonema para a linha de emergências, que terá sido feito pela mãe ou pela avó materna da criança, terá sido reportado que a criança estava “inconsciente, mas a respirar”, com “feridas” e “sem bocados de cabelo”, e com “hematomas na cara, barriga, pernas e braços”, como relata a SIC.

A criança foi assistida na casa da mãe por elementos do INEM, tendo sido depois transportada para o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, onde foi sujeita a manobras de reanimação. Mas não sobreviveu aos ferimentos.

Mãe “não quis levar menina ao hospital por medo”

A mãe da criança e o seu companheiro, com quem vivia há vários meses, também foram ouvidos pela PJ durante a noite, mas deixaram a esquadra em liberdade. O pai da criança também foi ouvido e saiu em liberdade.

Jessica, o nome da menina falecida, é o sexto filho da mulher que terá 35 ou 37 anos, segundo dados da imprensa, mas o único que vivia com ela. Estava sinalizada pela Comissão de Protecção de Menores e a criança mais velha, de 16 anos, está numa instituição.

Três das outras crianças, com 10, 9 e 6 anos, vivem com os avós, e um menino de 13 anos vive com o pai, como apurou o CM.

Apesar de não ter sido, pelo menos, para já, indiciada por qualquer crime, a avó paterna da criança atribui culpas à mãe, acusando-a de negligência, até porque alega que a ama suspeita já tinha agredido a criança antes, conforme declarações à SIC.

O companheiro da mãe de Jessica relata, entretanto, ao Jornal de Notícias (JN) que esta “não quis levar a menina para o hospital porque tinha medo que descobrissem onde a criança esteve: não numa colónia de férias, mas numa casa miserável, ao cuidado de uma pessoa sem condições”. “Se a tivesse levado ao hospital, a menina estava viva”, conclui.

“Morreu-me nos braços”, lamenta a mãe da criança ao CM, notando que está “arrependida”, mas que não matou a sua filha.

A avó materna da menina conta a este jornal que a filha não levou de imediato a menina para o hospital porque “estava a dormir” e por acreditar que “não seria nada de grave”.

Apesar disso, Rosa Tomás reconhece que quando chegou a casa da filha, viu a criança “com o corpo todo negro e a ‘tolinha’ toda negra“, como disse à CMTV.

Rosa Tomás também nota que a filha lhe mentiu, dizendo-lhe que a neta “estava na colónia de férias e que estava tudo bem”.

Jessica terá sido “violentamente espancada”

Ainda se aguardam os resultados finais da autópsia, mas tudo indica que a menina foi “violentamente espancada”, ao que apurou o CM.

O JN avança que os primeiros resultados da autópsia detectaram “marcas de agressões antigas e recentes”, o que dá ideia de que a menina foi alvo de “violência continuada”.

Além disso, surgem também suspeitas de “possíveis abusos sexuais”. A avó materna da criança revela à CMTV que a menina apresentava lesões nas zonas genitais.

Dívida pode ter motivado “vingança na criança”

Uma sobrinha da mãe de Jessica conta, entretanto, à CMTV que esta “devia 400 euros à ama”, lançando, assim, a ideia de que “vingaram-se na criança” pela falta de pagamento.

Na versão desta familiar da mãe, a ama dir-lhe-ia que tendo uma dívida para com ela, se deixasse a criança na sua casa, a dívida ficaria paga.

Além disso, a sobrinha conta ainda que a mãe de Jessica terá recebido “várias mensagens de ameaças da ama” no telemóvel. E garante também que se dizia que tinham um “desentendimento há algum tempo”, mas não sabe porquê.

Entretanto, a CNN Portugal adianta que a mãe de Jessica foi “pressionada a contar uma história fictícia aos familiares e vizinhos sobre o paradeiro” da menina, inventando que ela estaria à guarda da ama quando, realmente, terá sido “levada para a forçar a pagar uma dívida de cerca de 800 euros“.

Assim, a criança terá sido raptada pela ama, o marido e a filha, sendo vítima de agressões ao longo de cinco dias.

Terá sido a ama a devolvê-la à mãe “já em debilitado estado de saúde”, segundo a CNN.

O CM nota ainda que a alegada dívida se deveria a “bruxaria” e a um trabalho de “amarração” que a mãe de Jessica terá pedido à ama “para que o companheiro não a abandonasse“.

ZAP // Lusa

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