Despesa do SNS dispara 48% com exames e análises no privado

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A despesa do SNS com meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT) no setor convencionado aumentou 48% no ano passado, face a 2020.

A despesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT) no setor convencionado — estabelecimentos privados e sociais com acordo com o SNS — cresceu 48% no ano passado, em comparação a 2020, para o valor mais elevado de sempre.

Os testes covid-19 feitos em laboratórios privados explicam a maior parte do aumentos dos gastos. O ano de 2021 foi marcado pela pandemia, mas também pela recuperação da atividade assistencial no serviço público.

O relatório de acesso aos cuidados de saúde no SNS, a que o Jornal de Notícias teve acesso, mostra o aumento dos custos com exames e tratamentos no setor convencionado, a pedido dos centros de saúde ou dos hospitais.

Essa despesa apresenta valores ainda mais altos por não incluir as áreas da hemodiálise e das cirurgias realizadas em unidades privadas ou sociais, por falta de capacidade do SNS. Os gastos com os convencionados têm sido apontados pela Esquerda como uma forma do SNS financiar o setor privado da saúde.

As Análises Clínicas são 53% dos encargos do SNS com convencionados, num total de 377 milhões de euros faturados em 2021 — mais 191 milhões do que em 2019.

A Radiologia (17%), a Medicina Física e de Reabilitação (16%) e a Endoscopia Gastrenterológica (8%) são outras áreas nas quais o SNS acaba por recorrer mais a privados e sociais, para dar resposta aos doentes.

Em 2021, os gastos com exames e tratamentos aumentaram em todas as áreas convencionadas relativamente a 2020, com destaque especial para a Pneumologia/Imunoalergologia, que registou uma subida de 95%.

O relatório anual compara os resultados de 2021 com o período homólogo do ano anterior (2020), um ano atípico em que os serviços de saúde estiveram condicionados devido à pandemia de covid-19. Como consequência, verificam-se várias melhorias, que mostram a recuperação da atividade assistencial.

Ainda assim, há resultados que superam os valores de 2019, principalmente ao nível das cirurgias (mais 4.726), tal como o Governo já tinha referido. No que diz respeito a consultas hospitalares, os números aproximam-se de 2019, acima dos 12,4 milhões.

Nos cuidados primários, o total de consultas cresceu face a 2019 (mais 4.469), mas cerca de 56% foram à distância — algo que aumentou com a pandemia, mas que pode pôr em causa a qualidade da medicina, como já alertou a Ordem dos Médicos.

A atividade realizada pelos centros de saúde em atendimento complementar ou a chamada “consulta aberta” manteve a tendência de descida dos últimos anos.

Já as urgências hospitalares, voltaram a aumentar em 2021. Comparativamente a 2020, o aumento é de 14,1%, abaixo do número registado em 2019.

A tendência é de subida tendo em conta que este ano, de janeiro a julho, os números se aproximaram dos valores anteriores à pandemia.

ZAP //

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1 Comment

  1. Parece que o desejado pela direita, pelo bastonário e até pelo PR está a acontecer! A ministra Marta Temido foi a vítima porque também se pôs a jeito deixando de ser independente e aceitando o convite traiçoeiro do PM para se filiar no PS. Mudou completamente o discurso, deixando de fazer frente ao sector privado do qual, ao princípio, não aceitou o jogo. Enfim! Entrada de leão e saída de sendeiro! Resta-nos constatar que aqueles que apregoam que temos demasiado estado são mesmo os que mais proveito tiram dele! E quanto ao êxodo dos médicos eu estava convencida que todos os portugueses com os seus impostos tinham contribuido para a sua formação , mas parece que não, porque grande parte dele está a fugir para o privado, que náo investiu um cêntimo nos seus cursos, abandonando o SNS sem que haja qualquer tipo de mecanismo legal que os impeça de o fazerem! Uma fidelização. uma obrigatoriedade que, através de um regime de prestaçoes, os obrigue a pagarem ao estado o que ele lhes emprestou, como acontece nos EUA por exemplo!

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