Os hipermercados Auchan atravessam uma crise em França, com planos para fechar espaços no país e para despedir 2389 pessoas. O que se passa afinal?
O Auchan planeia despedir 2389 pessoas, o que constitui 5% do seu efectivo em França.
Além disso, vai fechar vários estabelecimentos numa operação de corte de despesas que pretende economizar ao grupo cerca de 350 milhões de euros, segundo a Rádio francesa BFMTV.
Os sindicatos contestam os despedimentos e até o primeiro-ministro francês, Michel Barnier, já questionou o que é que o Auchan fez ao “dinheiro público” que recebeu.
Mas o que se passa com o Auchan?
Não há indicações de que a crise do Auchan em França, se repercuta em Portugal.
Em Outubro passado, o Auchan também encerrou as lojas Minipreço que adquiriu em Portugal naquele que foi considerado o “negócio do ano“.
Agora, está a fechar espaços em França, depois de em Abril passado, ter comprado 98 lojas da marca de supermercados Casino.
Foi, provavelmente, uma operação para evitar que acabassem nas mãos dos rivais, nomeadamente do grupo Les Mousquetaires-Intermarché que também adquiriu alguns supermercados Casino.
Mas “porque é que o pássaro vermelho bate as asas“, questiona a BFMTV numa referência ao logotipo do Auchan.
O jornal económico francês Capital revela que o grupo atravessou anos de declínio financeiro, passando de uma quota de mercado de 12,1% (em 2012) para 8%.
Em 2023, “o seu volume de negócios caiu 5% para 32,9 mil milhões de euros”, aponta ainda a publicação.
Para tentar dar a volta à situação, o grupo contratou o “dinossauro da grande distribuição“, Guillaume Darrasse, para o cargo de diretor-geral, mas os seus “projectos ambiciosos foram implementados a um passo atrasado”, destaca a BFMTV.
Entretanto, os rivais não ficaram parados. O Carrefour ampliou a sua rede de distribuição com a aquisição de outras marcas, e os rivais em geral, parecem ter respondido melhor à crise da inflação causada pela guerra na Ucrânia.
“Auchan já não consegue sobreviver sozinho”
A “urgência para o Auchan” é “encontrar um posicionamento competitivo com um novo discurso e preços acessíveis“, aponta o consultor de marketing Frank Rosenthal ao Capital.
A descida de preços pode ser uma das soluções para se aproximar dos concorrentes que praticam valores mais baixos, como é o caso do Leclerc.
Mas também pode acabar com a venda de produtos não alimentares, como electrodomésticos e itens tecnológicos, cujas vendas estão em queda, apostando mais em artigos de moda, decoração e mobiliário.
“É impossível” recuperar a marca que se tornou “uma anã que pesa quase tanto como o Lidl“, refere a especialista em distribuição Clément Genelot em declarações ao Capital.
O Auchan “já não consegue sobreviver sozinho“, considera Genelot.